Parlamento russo pede medidas contra a Bélgica se UE usar ativos russos
Hoje 18:20
— Lusa/AO Online
“Qualquer
ataque contra os bens russos deve receber uma resposta legal
apropriada, começando por uma reclamação de pagamento por danos contra a
Euroclear e a Bélgica”, segundo uma resolução da Duma, a câmara baixa
do parlamento.Atualmente, existem cerca de
210 mil milhões de euros em bens congelados russos na UE,
principalmente na Bélgica, onde está sediada a Euroclear, uma das
maiores instituições de títulos financeiros do mundo.Na
resolução, a Duma pediu ao primeiro-ministro, Mikhail Mishustin, que
mandasse “preparar antecipadamente um plano sobre a resposta da
Federação Russa caso a UE adote a decisão”.O plano deve ser elaborado pelo Governo e pelo Banco Central, segundo a resolução.“Esperamos
que (…) façam todo o possível para desenvolver um plano de resposta e
medidas em caso de um ataque aos nossos ativos na Europa”, afirmou o
presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, citado pela agência de notícias
russa Ria Novosti.A Comissão Europeia
propôs recorrer aos ativos russos congelados após a invasão da Ucrânia,
em fevereiro de 2022, para financiar um empréstimo de 140 mil milhões
para a reconstrução da Ucrânia.A Bélgica,
sede do depósito de fundos que tem a maior parte dos ativos russos,
exige garantias legais de que os restantes parceiros a apoiarão se no
futuro a Rússia lhe exigir responsabilidades.A
Duma disse ser necessário “prestar atenção às propostas da presidente
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, aos Estados-membros da UE
para emitir um empréstimo de reparações usando bens soberanos russos
bloqueados”.Considerou que “as reparações são sempre pagas pela parte perdedora, algo que a Rússia não é e nunca será”.A
Duma referiu que Bruxelas já impôs sanções “totalmente ilegais” contra a
Rússia e defendeu que a proposta para apreender bens russos contradiz a
legislação europeia.As leis da UE
contemplam “o pagamento de uma compensação justa” se a proposta da
Comissão Europeia for aprovada, disse a câmara baixa do parlamento
russo, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press (EP).“Caso seja aplicada, esta solução [utilização de ativos russos congelados] poderá ser considerada um roubo”, afirmou.A
Rússia já advertiu na semana passada a Bélgica de que terá de prestar
contas, “de uma forma que não será fácil”, se autorizar o uso de ativos
russos congelados para apoiar a Ucrânia.Além
das reticências belgas, a Comissão Europeia enfrenta também a oposição
da Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, advertiu hoje que a
entrega de ativos russos à Ucrânia terá “consequências imprevisíveis”
como o colapso do euro. “Deixemos de financiar uma guerra que não podemos ganhar”, reclamou Orbán nas redes sociais, citado pela EP.Orbán acusou Ursula von der Leyen de pretender “prolongar a guerra” com a entrega à Ucrânia de dinheiro que “não tem”.Disse
que a chefe do executivo da UE espera obter as verbas que não tem de
impostos dos contribuintes europeus, de empréstimos bancários ou então
do embargo de ativos russos congelados.Nenhuma
das opções é do agrado de Orbán, que ironizou com a possibilidade de os
contribuintes europeus “de boa vontade e com alegria” pagarem a guerra
da Ucrânia “como se não tivessem nada melhor para fazer”.Orbán
considerou absurda a hipótese de empréstimos bancários, por significar
uma fatura para as gerações mais jovens, e disse que o recurso aos
ativos russos trará consigo “uma avalanche de processos e o colapso do
euro”.“Concentremos os nossos esforços em
estabelecer a paz. É hora de dar a volta e abandonar este beco sem saída
de Bruxelas”, disse o primeiro-ministro populista próximo dos líderes
russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump.