Parlamento russo autoriza mobilização de ex-presos condenados por crimes graves
Ucrânia
27 de out. de 2022, 15:18
— Lusa/AO Online
Trata-se
de pessoas que foram libertadas da prisão há menos de oito anos (após
condenação por terem cometido “crimes graves”) ou há pelo menos dez anos
(para os “crimes particularmente graves”).Até
agora, a lei sobre a mobilização decretada em setembro pelo Presidente
russo, Vladimir Putin, proibia o recrutamento deste tipo de
ex-presidiários.Agora, só aqueles que
foram condenados por pedofilia, sequestro com reféns ou atentado,
tráfico de materiais radioativos, espionagem ou alta traição não poderão
ser mobilizados, de acordo com as alterações aprovadas esta quinta-feira pela Duma, a
câmara baixa do parlamento russo.Os
deputados votaram igualmente a lei que regulamenta o estatuto de
voluntários destinados a “ajudar as forças armadas” em conflitos armados
ou operações antiterroristas, no país e fora das respetivas fronteiras.Nos termos desta lei, eles terão “o mesmo estatuto que os militares contratados”.“É justo: eles defendem o nosso país”, sublinhou o presidente da Duma, Viatcheslav Volodin, num comunicado.A
mobilização foi decretada na Rússia após uma série de reveses para as
forças de Moscovo em combate na Ucrânia e permite recrutar mais de
230.000 pessoas, segundo os números das autoridades.A
medida desencadeou manifestações de protesto em algumas regiões da
Rússia e fez com que dezenas de milhares de cidadãos russos abandonassem
precipitadamente o país para evitar o alistamento.Também
se registaram muitos casos de mobilização indevida de homens
não-elegíveis – estudantes, pessoas demasiado idosas ou doentes –, tendo
o próprio Putin admitido a ocorrência de “erros”.A
ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia
causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões
de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de
acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de
refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).A invasão russa – por Putin
com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para
segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade
internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e
imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.A
ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje
entrou no seu 246.º dia, 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando
que estes números estão muito aquém dos reais.