Parlamento regional aprova estudo para avaliação dos manuais digitais nos Açores
16 de jan. de 2025, 18:05
— Lusa/AO Online
“Este processo
avançou sem estar devidamente consolidado”, acusou Inês Sá, deputada do
PS no parlamento açoriano, lembrando que “há professores que se sentem
perdidos com as novas tecnologias” e que não têm o devido acompanhamento
por parte da tutela, situação que se aplica também a muitos alunos.A
iniciativa socialista propõe que a Secretaria Regional da Educação
apresente, num prazo de nove meses, os resultados de um estudo sobre o
impacto da aplicação desta medida, que foi introduzida, como
experiência-piloto, no ano letivo e 2021/2022, em apenas duas turmas do
6.º e 9.º anos de escolaridade.A titular
da pasta da Educação no arquipélago, Sofia Ribeiro, explicou em plenário
que o Governo Regional está a ultimar o
caderno de encargos para lançar a concurso a realização de uma avaliação
externa aos manuais digitais, mas que só ficará concluída no próximo
ano letivo.“Esperamos que ao final de nove
meses, possamos ter um primeiro relatório a dar-nos nota dessa
avaliação, e ao final de 18 meses, termos então aí um relatório final,
para fazermos essa comparação”, justificou a governante, adiantando
tratar-se de “um estudo muito completo”.A
proponente criticou a demora e insistiu que era possível fazer essa
avaliação em menos tempo: “A Madeira implementou isto de forma exemplar e
tem os resultados à vista! Houve avaliações em dois meses! Não me digam
que não é possível avaliar o impacto [dos manuais digitais] ao fim de
um ano letivo!”.Délia Melo, deputada da
bancada do PSD, explicou aos deputados que o estudo que o Governo de
direita está agora a preparar é “mais completo” e “mais abrangente” e,
como tal, deverá demorar mais tempo a conhecerem-se os seus resultados.“Para
fazer esse estudo com uma avaliação externa, implica a recolha de dados
para análise comparativa, que implica a observação, aplicação de
inquéritos, questionários, tratamento de dados, que não se fazem no
período de tempo que o grupo parlamentar do PS propõe”, ressalvou a
deputada social-democrata.Opinião
semelhante manifestaram também os deputados Catarina Cabeceiras (CDS),
Hélia Cardoso (CH) e João Mendonça (PPM), que entendem que, para se
fazer uma avaliação “bem feita”, o prazo de nove meses, proposto pelo
PS, “é curto”.Durante a discussão da
proposta socialista, Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal,
levantou muitas dúvidas sobre a utilidade dos manuais digitais nas
escolas dos Açores, lembrando que os resultados alcançados pelos alunos
do ensino secundário, onde não há ainda manuais digitais, revelam que,
afinal, o papel ainda é uma boa ferramenta de estudo.“São
aqueles que estudaram em manuais em papel, que fizeram o seu percurso
académico no secundário sem terem utilizado os manuais digitais, que
estão a ter os resultados que agora se conhecem”, insistiu o parlamentar
liberal.Já António Lima, do Bloco de
Esquerda, manifestou preocupação com o futuro dos manuais digitais, que
foram adquiridos com financiamento do Plano de Recuperação e
Resiliência, (PRR), mas cuja substituição, não está ainda assegurada.“Quando
acabar o dinheiro do PRR, eu quero ver qual é a solução que o Governo
tem para garantir a renovação de todo esse equipamento, a cada dois ou
três anos!”, advertiu o parlamentar bloquista, acrescentando que é
preciso saber “como é que o executivo “vai financiar” esses novos
equipamentos.A proposta do PS foi aprovada
por todos os partidos com assento parlamentar, à exceção dos deputados
das três formas políticas que formam o executivo açoriano (PSD, CDS-PP e
PPM), que se abstiveram.