Parlamento Europeu unânime em rejeitar proposta para orçamento plurianual da UE
18 de fev. de 2020, 17:41
— Lusa/AO Online
“Nas duas
reuniões que tivemos [o presidente e líderes das bancadas parlamentares]
hoje com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, confirmámos a
posição unânime do Parlamento proposta por si apresentada”, salienta o
líder da assembleia europeia, David Sassoli, em comunicado.Apontando
que “ainda se está longe de uma proposta aceitável”, o responsável
precisa que a proposta de Charles Michel difere em 230 mil milhões de
euros do documento da assembleia europeia.“Esperamos
que o Conselho apresente uma versão mais ambiciosa [da proposta], capaz
de servir de base para as negociações”, adianta David Sassoli.A
proposta em causa, elaborada pelo presidente do Conselho Europeu,
Charles Michel, estará em discussão numa cimeira extraordinária de
chefes de Estado e de Governo da UE, que começará na quinta-feira em
Bruxelas.Para o documento ser aprovado, é necessário consenso entre os 27.Porém,
esta nova proposta é bastante semelhante à que foi apresentada pela
presidência finlandesa do Conselho da UE no segundo semestre de 2019 e
rejeitada pelos Estados-membros, continuando desde logo a prever cortes
na Política de Coesão e na Política Agrícola Comum (PAC), rejeitados por
Portugal, entre muitos outros Estados-membros.O
documento contempla um envelope global de 1.094 mil milhões de euros,
representando estas contribuições o equivalente a 1,074% do Rendimento
Nacional Bruto (RNB) do conjunto da União, muito próximo do valor
proposto no ano passado por Helsínquia (1,07% do RNB) e que Portugal
considerou na ocasião “inaceitável”.Esta
nova base negocial proposta por Charles Michel, depois de semanas de
consultas aos 27, destina 323 mil milhões de euros aos fundos da
política de coesão (contra 367,7 mil milhões do atual quadro financeiro
2014-2020, já sem contar com os contributos do Reino Unido) e 329,3 mil
milhões de euros para a PAC (contra 367,7 mil milhões do orçamento
plurianual ainda em curso).Um grupo
alargado de Estados-membros, denominados os “Amigos da Coesão”, com
Portugal à cabeça, têm reafirmado a sua firme oposição a cortes,
sobretudo nesta política, assim como na PAC.A
proposta de Charles Michel continua a ser inferior à que foi
apresentada originalmente pela Comissão Europeia (que contemplava
contribuições de 1,114% do RNB), e muito aquém do valor de 1,3% do RNB
defendido pelo Parlamento Europeu, que tem a última palavra no processo
negocial, e que já manifestou o seu descontentamento com o novo
documento sobre a mesa, apontando precisamente que não difere muito da
proposta finlandesa, claramente rejeitada pela assembleia.