Parlamento Europeu pede mecanismo vinculativo contra práticas fiscais ilegais na UE
7 de out. de 2021, 14:29
— Lusa/AO Online
Num
relatório aprovado com 506 votos a favor, 81 contra e 99 abstenções na
sessão plenária da assembleia europeia, que decorreu entre segunda-feira
e hoje na cidade francesa de Estrasburgo, os eurodeputados definem
prioridades para a reforma da política da UE sobre práticas fiscais
prejudiciais e propõem um novo quadro para avaliar as políticas
nacionais.No documento, lê-se que, “embora
a concorrência fiscal entre países não seja problemática por si só, é
necessário haver princípios comuns sobre a medida em que podem usar os
seus regimes e políticas fiscais para atrair empresas e lucros”.E,
segundo o relatório, “os Estados-membros da UE perdem, coletivamente, a
maior parte das receitas do imposto sobre o rendimento das sociedades a
favor de outros Estados-membros da UE e não de países terceiros”, sendo
a principal causa desta perda de receitas “a falta de ação legislativa
contra as práticas fiscais agressivas intracomunitária e a concorrência
fiscal prejudicial”.Por isso, entre as
recomendações feitas pelos eurodeputados, está a de rever os critérios, a
governação e o âmbito do Código de Conduta sobre a Fiscalidade das
Empresas através de um “instrumento vinculativo” destinado a combater as
práticas fiscais prejudiciais, que deveria ser substituído por um
“Quadro relativo aos mecanismos fiscais agressivos e às baixas taxas de
impostos”.“A reforma dos critérios do
Código de Conduta é uma questão de urgência”, salienta a assembleia
europeia, defendendo a inclusão de um critério de taxa efetiva de
imposto, em conformidade com a futura taxa mínima efetiva de imposto
acordada ao nível internacional, bem como requisitos que permitam a
concorrência leal.Isso significaria
reforçar este mecanismo, que não é vinculativo, numa altura em que
surgem revelações de movimentos financeiros danosos como os ‘Pandora
Papers’ e quando os eurodeputados julgam que os critérios do código de
conduta estão parcialmente desatualizados, dada a sua ênfase nos regimes
preferenciais.Os parlamentares exortam
também à adoção de uma definição de “nível mínimo de substância
económica” e de possíveis novos requisitos e indicadores de atividade
económica real para efeitos de regras de tributação, assim como a
elaboração de orientações sobre como conceber incentivos fiscais justos e
transparentes, com menos riscos de distorção do mercado único.E
defendem ainda a elaboração, no âmbito do Semestre Europeu, de
recomendações específicas por país para apoiar a redução do “planeamento
fiscal agressivo na UE”.O Consórcio
Internacional de Jornalistas de Investigação publicou no passado domingo
um novo trabalho, denominado ‘Pandora Papers’, no qual revela que 14
líderes mundiais no ativo esconderam fortunas de milhares de milhões de
dólares para não pagarem impostos.A este número juntam-se 21 líderes que já não estão no poder e que também ocultaram propriedades e rendimentos.Intervindo
na quinta-feira num debate no Parlamento Europeu, o comissário europeu
da Economia, Paolo Gentiloni, garantiu que Bruxelas irá “tornar cada vez
mais difícil” que haja fraude fiscal na UE, nomeadamente atuando contra
as empresas fictícias, após a investigação jornalística ‘Pandora
Papers’ ter revelado ilegalidades financeiras de centenas de
personalidades.