Parlamento Europeu declara “emergência climática e ambiental”
28 de nov. de 2019, 17:12
— Lusa/AO online
A posição
da assembleia foi adotada hoje, em Estrasburgo, com a aprovação de uma
resolução, em vésperas da Conferência da ONU sobre o Clima, que
decorrerá em Madrid entre 02 e 13 de dezembro.O
texto, aprovado com 429 votos a favor, 225 contra e 19 abstenções,
defende que “é fundamental tomar medidas imediatas e ambiciosas para
limitar o aquecimento global a 1,5°C e evitar uma perda maciça de
biodiversidade”.Os eurodeputados exortam a
Comissão Europeia, Estados-Membros e todos os intervenientes a nível
mundial a tomarem urgentemente as medidas concretas necessárias para
combater e conter esta ameaça, “antes que seja demasiado tarde”. Numa
outra resolução, sobre a Conferência de Madrid (COP25), a assembleia
insta os líderes europeus a manifestarem o seu apoio, no Conselho
Europeu de 12 e 13 de dezembro, ao objetivo de longo prazo da UE de
alcançar um nível nulo de emissões líquidas de gases com efeito de
estufa “o mais rapidamente possível e, o mais tardar, até 2050”. “É
da maior importância a União enviar uma mensagem clara, durante a
COP25, de que está pronta para aumentar o seu contributo para o Acordo
de Paris”, lê-se nesta resolução, aprovada em plenário com 430 votos a
favor, 190 contra e 34 abstenções. O
Parlamento Europeu salienta que “as intervenções globais levadas a cabo
ao longo da próxima década terão um impacto no futuro da humanidade nos
próximos 10.000 anos”.Os eurodeputados
defendem também que “o Pacto Ecológico Europeu, a ser apresentado pela
nova Comissão de Ursula von der Leyen, estabeleça uma estratégia
abrangente e ambiciosa para conseguir uma Europa com impacto neutro no
clima o mais tardar até 2050, prevendo, entre outras medidas, “o
objetivo de reduzir em 55% as emissões de GEE a nível interno até 2030”.
Os eurodeputados instam a Comissão a
“adaptar, em conformidade, todas as suas políticas relevantes,
nomeadamente nos domínios do clima, da agricultura e da coesão”.A
assembleia salienta que a redução das emissões requer um esforço
abrangente de todos os setores e defende que os países devem ser
incentivados a incluir as emissões provenientes do transporte marítimo e
aéreo internacional nos contributos determinados a nível nacional
(CDN), lembrando que o setor dos transportes é o único que registou um
aumento das emissões desde 1990.Nos textos
hoje adotados, o Parlamento Europeu sublinha também que a criação de um
Fundo para uma Transição Justa – anunciado pela nova presidente da
Comissão, Ursula Von der Leyen, e que ficará sob a responsabilidade da
comissária Elisa Ferreira, com a pasta da Coesão e Reformas - constitui
um dos instrumentos que pode ser utilizado a nível da UE para garantir
uma transição inclusiva e informada para as pessoas e as regiões mais
afetadas pela descarbonização, como as regiões de extração de carvão que
se encontram em transição. A resolução
reconhece que “os fundos de compensação não garantem, por si só, uma
transição justa” e que “uma estratégia da UE abrangente para o
desenvolvimento e a modernização dessas regiões da UE, bem como a
disponibilização de assistência aos intervenientes na linha da frente da
transição, devem estar na base de qualquer política de transição”.Estas
posições da assembleia europeia têm lugar a poucos dias do início da
25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre as Alterações Climáticas, que decorrerá de 02 a 13 de
dezembro na capital espanhola, com o lema “Tempo de agir”, depois de o
Chile ter renunciado à sua organização.A
COP25 deverá apelar para que todos os países aumentem seus compromissos
de redução de emissões de gases com efeito de estufa, no sentido de
combater as alterações climáticas.A
cimeira tem por base as decisões do Acordo de Paris, um tratado
alcançado na COP21, aprovado em 12 de dezembro de 2015, que rege as
medidas de redução de emissão de gases com efeito de estufa a partir de
2020.O compromisso tem por objetivo a
contenção do aquecimento global abaixo de 2ºC, preferencialmente em
1,5ºC, em relação aos valores médias da era anterior à revolução
industrial e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio,
num contexto de desenvolvimento sustentável.