Parlamento Europeu aprova mecanismo que liga acesso a fundos a Estado de direito
16 de dez. de 2020, 13:25
— Lusa/AO Online
“Conseguimos.
Agora é lei. Nenhuma declaração unilateral pode mudar esse facto.
Esperamos que a Comissão, enquanto guardiã dos tratados, comece a
implementar este regulamento de forma independente a partir de 1 de
janeiro de 2021. É também isso que os europeus estão à esperar”, reagiu o
co-relator do mecanismo, Petri Sarvaama.Também
a outra co-relatora, Êider Gardiazabal Rubial, congratulou-se com a
aprovação do mecanismo pelos eurodeputados frisando que “a UE não é um
estabelecimento ‘à la carte’”.“A UE não é
um estabelecimento ‘à la carte’, onde se pode manter os direitos, mas
não cumprir as obrigações. É uma comunidade baseada em valores comuns
que os Estados-membros e os cidadãos devem defender. O mecanismo que
liga o orçamento da UE ao respeito do Estado de direito, hoje adotado, é
uma conquista importante para o Parlamento”, destacou a eurodeputada.O
mecanismo voltará agora para o Conselho da União Europeia, após, na
segunda-feira, os representantes permanentes dos Estados-membros o terem
aprovado com maioria qualificada, tendo em conta que a Hungria e a
Polónia mantiveram a oposição ao mecanismo.Assim
que o aval do Conselho da UE for dado, o mecanismo entrará em vigor a
partir de 01 de janeiro de 2021 e permitirá que os fundos da UE sejam
congelados ou cortados caso se registe uma violação aos princípios do
Estado de direito num dos Estados-membros da UE.Ainda
hoje, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu
aos eurodeputados que o mecanismo será utilizado pela Comissão, apesar
de, nas conclusões da cimeira dos 27 da semana passada, ser referido que
o executivo comunitário não poderá propor penalizações até haver uma
sentença do Tribunal de Justiça sobre um eventual recurso de um país
visado.Sublinhando que “as conclusões do
Conselho, em última análise, não alteram nada sobre o mecanismo de
condicionalidade” nem “na lei”, nem na “sua aplicação”, Von der Leyen
referiu que a Comissão Europeia irá “sempre atuar com total autonomia,
total respeito da lei e total objetividade”.“Quero
reforçar a minha mensagem sobre o mecanismo de condicionalidade: a
regulação irá ser aplicada a partir de janeiro de 2021. Nenhuma ponte
ficará por cobrir, nenhum caso será perdido, iremos proceder
imediatamente à monitorização”, frisou Von der Leyen. O
Conselho Europeu chegou, na passada quinta-feira, a um compromisso
sobre o mecanismo do Estado de direito para desbloquear os fundos do
quadro orçamental até 2027 e do Fundo de Recuperação, bloqueados pela
Hungria e Polónia por não concordarem com o mecanismo em questão. O
compromisso prevê que a suspensão de fundos contemplada no mecanismo em
caso de violações do Estado de direito só é efetiva após decisão do
Tribunal de Justiça da UE e que não tenha efeitos retroativos,
aplicando-se apenas ao futuro Quadro Financeiro Plurianual.O
texto de conclusões do Conselho destaca, neste capítulo, que a
condicionalidade ao respeito do Estado de direito aplicar-se-á de forma
“objetiva, justa e imparcial” a todos os Estados e que a Comissão
Europeia não pode propor penalizações – designadamente a suspensão de
fundos comunitários – até haver uma sentença do Tribunal de Justiça
sobre um eventual recurso de um país visado.