Parlamento dos Açores revoga taxa turística regional que tinha aprovado em abril
16 de dez. de 2022, 10:56
— Lusa/AO Online
A
iniciativa contou com 20 votos a favor do PSD, três do CDS-PP, dois do
PPM, um do Chega, um da Iniciativa Liberal (IL) e um do deputado
independente (ex-Chega) e 24 votos contra do PS, dois do BE e um do PAN,
durante o plenário do parlamento açoriano, que decorre na Horta.A
criação de uma taxa turística nos Açores, com cobrança prevista a
partir de janeiro de 2023, foi aprovada em abril no parlamento regional
com 29 votos a favor, do deputado único do PAN, autor da versão inicial
do documento, do PS (25 deputados), BE (2) e do deputado independente
(ex-Chega).O deputado da Iniciativa
Liberal (IL), o deputado do Chega e as bancadas dos partidos do Governo
(PSD/CDS-PP/PPM), que somam 28 parlamentares, votaram contra.Na
declaração de voto, o deputado independente Carlos Furtado
considerou que os “meios justificam os fins”, afirmando que votou
favoravelmente o diploma “para atingir o objetivo” de impedir a entrada
em vigor da taxa turística em janeiro de 2023.Minutos
antes, tinha sido rejeitada a proposta do parlamentar independente (com
os votos contra de PS, BE, Chega e PAN e a abstenção da IL) que adiava a
entrada em vigor da taxa turística para janeiro de 2024.A
iniciativa do independente também pretendia introduzir mudanças nos
valores destinados aos municípios (que passava de 25% para 40% das
receitas) e às empresas cobradoras (de 2,5% para 20%).No
debate, o deputado do Chega, José Pacheco, apelou à “humildade
democrática” dos deputados, evocando as “inúmeras queixas” que surgiram
contra a taxa turística e alertando para o “tempo de incerteza” marcado
pelo aumento do custo de vida.Do lado do
Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), a secretária regional do Turismo,
Berta Cabral reiterou a discordância com a taxa, considerando que os
Açores “estão muito longe da massificação” turística, uma vez que “não
se pode confundir massificação” com “alguma pressão turística” em certos
locais.Antes da votação, a governante
assegurou, contudo, que o executivo estava “preparadíssimo para aplicar a
taxa turística” em janeiro.Pedro Neves,
do PAN, afirmou que a revogação de uma iniciativa que ainda não entrou
em vigor “roça a antidemocracia” e denunciou que o presidente do Governo
dos Açores, José Manuel Bolieiro, “fez pressão nos bastidores” para
eliminar a taxa turística.“Isso é um problema de egos e do sangue azul de alguns açorianos que acham que mandam nesta casa”, atirou Neves.O
líder parlamentar do PS/Açores, Vasco Cordeiro, definiu a taxa
turística como um “instrumento” para garantir a sustentabilidade e
considerou que os opositores da iniciativa são “vítimas do sucesso do
turismo” da região.O deputado da IL, Nuno
Barata, opôs-se à taxa turística, mas avisou que “não é uma boa prática”
alterar a legislação antes da respetiva entrada em vigor, enquanto
Paulo Estêvão, do PPM, evocou a “reação muito negativa dos agentes
económicos” à criação daquela taxa.Rui
Martins, do CDS-PP, defendeu que os partidos têm “toda a legitimidade
para apresentarem as iniciativas que considerarem oportunas”, enquanto
Elisa Sousa, do PSD, realçou que o partido sempre “votou de acordo com a
sua consciência”.O deputado do BE António
Lima defendeu que a proposta para a eliminação da taxa turística “não é
respeitadora da decisão do parlamento”.