Parlamento dos Açores repudia invasão e defende retirada das forças russas
Ucrânia
8 de mar. de 2022, 13:46
— Lusa/AO Online
O
documento foi apresentado pelos grupos parlamentares do PS, PSD,
CDS-PP, BE, PPM e pelas representações parlamentares do Chega, da
Iniciativa Liberal e do PAN, contou também com o voto favorável do
deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e abriu os trabalhos no
plenário de março na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos
Açores (ALRAA), que hoje começou na cidade da Horta, ilha do Faial.Na
resolução, a ALRAA “condena, nos termos mais veementes possíveis, a
invasão da Ucrânia ordenada por Vladimir Putin” e “apela à imediata
retirada das tropas russas de território ucraniano”.Lido
pelo presidente da ALRAA, Luís Garcia, o texto associa o parlamento a
“todas as iniciativas que visem a paz” e “a todas as manifestações pela
paz, não esquecendo as que têm lugar na Rússia”, manifestando
solidariedade “com milhares de cidadãos russos detidos por esse motivo”.A
Assembleia salientou ainda “a importância de o Governo dos Açores
avaliar e concretizar a solidariedade com a Ucrânia, nomeadamente
através de bens de primeira necessidade e acolhimento a refugiados”.O
presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, saudou
a “iniciativa de resolução unânime, consensual e determinante” e
destacou a importância de marcar “o combate contra a indiferença”.“É
preciso ser inequívoco no repúdio e condenação à guerra, aos fatores da
guerra e àqueles que fazem da força a sua opção pelo domínio”, vincou o
chefe do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM.“Não pode ficar qualquer dúvida de que, pela indiferença, não nos importa o que acontece à distância”, afirmou.Bolieiro
deixou ainda um “apelo à paz” e de solidariedade para com a Ucrânia,
fazendo lá “chegar bens de primeira necessidade” e “no acolhimento do
movimento migratório dos refugiados”. O líder da bancada do PS, Vasco Cordeiro, sublinhou que “não há guerras justas”, nem “agressões militares justificáveis”.“Esta
não é uma guerra entre povos. É uma guerra entre regime ditatorial
contra um povo. Por isso nos revemos nos termos desta proposta, não
esquecendo que há milhares de cidadãos russos que têm sido detidos
porque se manifestam contra esta agressão militar”, afirmou. Vasco Cordeiro alertou ainda para os “perigos evidentes face a esta situação de guerra”.“Mesmo
que não arraste a Europa e mundo para um conflito armado, trará
consequências económicas para todo o mundo. Será bom não ficarmos apenas
pelas proclamações de solidariedade. É importante preservar este
espírito solidário quando a crise afetar os que não estão diretamente
envolvidos no conflito armado”, avisou.João
Bruto da Costa, líder da bancada do PSD, condenou “a grosseira violação
do direito internacional que tem levado a inúmeras violações dos
direitos humanos”.O
deputado lamentou a “brutal e injustificada agressão” por parte de um
“ditador que quer trazer para a Europa um passado que todos gostaríamos
que não fosse realidade”.“É na dissuasão que os Açores têm de se afirmar, para além da capacidade de sermos solidários”, defendeu.Catarina Cabeceiras, deputada do CDS-PP, censurou a “violação dos princípios básicos da dignidade humana”. Por seu lado, António Lima, do BE, manifestou oposição à “violação imperialista”“Não
é possível ficar indiferente. Ao povo ucraniano a nossa total
solidariedade. Nada pode justificar invasão de um país soberano. Só um
cessar-fogo imediato é possível abrir caminho a paz duradoura. Caso
contrário, a escalada militar imparável tornará as posições
inconciliáveis”, afirmou.Paulo
Estêvão, do PPM, avisou também para “as consequências” do conflito na
vida das populações, nomeadamente através do “aumento significativo dos
preços”.“Existem
consequências práticas que vão chegar a todas as populações. Também aos
Açores. É necessário que essa determinação se mantenha, num espírito de
justiça e solidariedade com a população ucraniana”, notou, manifestando
não defender o envolvimento da NATO ou da União Europeia no conflito.José
Pacheco, deputado do Chega, manifestou “medo de que a democracia seja
colocada em causa” e medo pelo “povo ucraniano mas também pelo povo
russo, também a ser bombardeado na sua liberdade e democracia”.“Temos
medo de não conseguir acudir. Liberdade nunca pode ser travada. Devemos
dar daqui um grito ao mundo: a guerra nunca há de ser a forma de nos
lembrar do que é justo”, disse.Nuno
Barata, da Iniciativa Liberal (IL), falou na “agressão gratuita de um
ditador tirano contra um povo” que “merece a maior dimensão de repudio e
condenação.Pedro
Neves, deputado do PAN, referiu-se a uma guerra “gerada com base em
subterfúgios”, na qual as “várias explicações para justificar ataque
assentam em incongruências”.O deputado independente Carlos Furtado pediu que “não falte coragem para a defesa acérrima” do povo ucraniano“Devemos apontar o dedo não só ao país invasor, mas também aos países que se mantêm indiferentes”, referiu.