Parlamento dos Açores reprova proposta do Governo para alterações ao abate animal
8 de set. de 2022, 19:02
— Lusa/AO Online
Apresentado
pelo Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), a segunda alteração ao decreto
que estipula “medidas de controlo de animais de companhia e errantes” e
gerou contestação devido às mudanças previstas para o abate de animais,
juntou 25 votos contra do PS a dois do BE e um do PAN.Com
a abstenção do deputado do Chega e do da Iniciativa Liberal (IL), os
parlamentares dos partidos da coligação que suporta o Governo (26) na
Assembleia Legislativa Regional não foram suficientes para viabilizar o
diploma, que mereceu também o voto favorável do deputado independente
Carlos Furtado (ex-Chega).O secretário
regional da Agricultura, António Ventura, vincou que a proposta
legislativa tinha em mente o bem-estar animal, mas PS, BE e PAN quiseram
travar o que consideraram ser um “retrocesso” perante a aprovação, em
2021, do decreto que defende aquilo que apelidaram de “abate zero”. “Esta
proposta permite evitar vazios na lei contra imprevisibilidades, para
além de práticas reais que não têm enquadramento. Se quiserem, podem
retirar o artigo [referente ao abate], mas ele foi redigido pelo
bem-estar animal”, sustentou António Ventura. O
PSD anunciou em fevereiro a intenção de retirar ao documento “normas
discricionárias” quanto às exceções definidas para o abate.Assim,
uma das sugestões do PSD, apresentada sob a forma de proposta de
alteração ao diploma também subscrita pelo CDS-PP e pelo PPM, dizia
respeito a uma alínea segundo a qual “o abate compulsivo de animais
errantes” podia ser feito “sempre que determinado por autoridade
veterinária regional por razões de saúde e segurança pública, de
preservação ambiental ou outras”.Também o
PAN, o BE e a IL apresentaram propostas de alteração, mas nenhuma chegou
a ser votada, perante o chumbo do diploma na generalidade.O
secretário regional da Agricultura indicou que a intenção do documento
era “melhorar as medidas de apoio, controlo e respeito pelos animais de
companhia e errantes”, promovendo, “com maior suporte oficial, a
identificação e o registo animal” e responsabilizando “quem abandona
animais com um registo sancionatório agravado”. Por
outro lado, disse, “esclarece quem pode decidir sobre métodos de abate,
acrescenta normas éticas e deontológicas aos abates”. Alberto
Ponte, do PSD, defendeu que a proposta colmatava “algumas lacunas do
anterior documento”, mantendo a possibilidade de abate “só em situações
extremas, desde que devidamente justificada com relatório” veterinário.O parlamentar lembrou que, na ilha de São Miguel, “duas matilhas já provocaram a morte a dezenas ou centenas de animais”.Rui Martins, do CDS-PP, excluiu qualquer tentativa de “encapotamento”, sustentado estar em causa uma “clarificação”. Alexandra
Manes, do BE, considerou ser uma “proposta de fragilidades e enganos”,
pretendendo “regredir em matéria de bem-estar animal”. “A
23 de fevereiro [de 2021] votámos aqui a favor do fim do abate animal.
Só com políticas de esterilização, destinadas a todas as famílias, se
consegue agir no sentido correto. Quanto às matilhas, está referida a
possibilidade de abate no atual decreto, na lista de exceções”, vincou.Para
o deputado do PAN, a proposta mantinha problemas mesmo com as
alterações introduzidas pela coligação, que mantinham a possibilidade de
“haver exceções atrás de exceções para fazer o abate”. “O
abandono é crime – esta é a solução. Está na legislação. As matilhas
acontecem porque há abandono. A solução é a prevenção”, defendeu. Também Joana Pombo Tavares, do PS, apontou o “retrocesso” do documento. “Estamos a debater hoje permitir a normalidade das exceções ao abate de animais”, lamentou.