Parlamento dos Açores rejeita proposta de anulação do processo de privatização da SATA
12 de abr. de 2024, 09:03
— Lusa/AO Online
O deputado do
BE António Lima propôs a anulação do processo de privatização da SATA
Azores Airlines “por motivos de defesa do interesse público”, mas a
proposta foi rejeitada por maioria, com 22 votos contra do PSD, cinco do
Chega, dois do CDS-PP, um do PPM e um do IL e votos a favor do PS (22),
do BE (um) e do PAN (um).Na apresentação
da proposta, na sessão plenária ordinária
da Assembleia Legislativa dos Açores, na Horta, António Lima considerou que a iniciativa
de privatização da companhia aérea açoriana “é uma decisão errada” e tem
sido contestada por trabalhadores e empresários.“Este
processo não pode avançar porque é um risco. E é um risco porque a SATA
Internacional não é apenas uma empresa, é um dos pilares muito
importantes da nossa economia”, defendeu.Na
sua opinião, o alerta do júri feito na semana passada pode ser “muito
sério” e “é fundamental que esse processo pare, e o Governo tem os
instrumentos para o travar”.Durante a discussão do assunto ouviram-se intervenções das várias bancadas parlamentares. O
líder parlamentar socialista João Castro afirmou que o Governo açoriano
“tem de agir com celeridade”: “Tem de corrigir este processo e este
percurso, porque a SATA é mesmo um assunto muito importante para os
açorianos e para os Açores”.Da mesma
bancada, o deputado Carlos Silva pediu explicações ao executivo sobre as
razões da demissão, esta semana, da presidente do Conselho de
Administração da SATA, Teresa Gonçalves, e observou que seria bom que o
Governo Regional “assumisse que este processo não está a correr bem e
que não serve os açorianos”.Paulo Simões
(PSD) perguntou ao PS: “Os senhores falam desta tentativa de
privatização. E as vossas duas tentativas de privatização?”.Já
o deputado da IL, Nuno Barata, posicionou-se a favor da privatização da
Azores Airlines e considerou “importantíssimo prosseguir com o
processo”: “Se não a vendermos, [a companhia aérea] vai pesar nos bolsos
dos açorianos e nas contas públicas da região”. Segundo
Pedro Neves (PAN), o júri do concurso pede “cuidado” e “isto é grave”,
daí que seja “totalmente contra” a forma como o processo está a ser
realizado.Na declaração de voto, Pedro
Pinto (CDS-PP) disse que o partido votou contra a proposta do BE porque é
preciso ter confiança no relatório do júri e na decisão final do
executivo regional da coligação PSD/CDS-PP/PPM.Também
Francisco Lima (Chega) considerou que, até prova em contrário, será
importante confiar no júri e na decisão final do Governo Regional.Durante
o debate, o secretário das Finanças, Planeamento e Administração
Pública dos Açores, Duarte Freitas, esclareceu que a presidente do
Conselho de Administração da SATA alegou razões pessoais para a decisão e
não houve divergências devido ao processo de privatização.“O
Governo [Regional] cumprirá aquilo que o Governo português, em nome de
Portugal, se comprometeu em Bruxelas [junto da União Europeia],
cumprindo também aquilo que são as regras do Direito português [e] o
caderno de encargos. E, a seu tempo, decidirá, em função daquilo que o
júri disse, daquilo que a Comissão Técnica de Acompanhamento está a
seguir e daquilo que o Conselho de Administração irá dizer também”,
afirmou o governante.E concluiu: “Tudo se
passa e se passará de forma criteriosa, sem nos imiscuirmos nos vários
tempos e evitarmos, também, consequências jurídicas que poderiam advir
até para a região nesse aspeto”.