Parlamento dos Açores rejeita programa extraordinário de integração de trabalhadores precários
10 de jul. de 2024, 09:39
— Lusa/AO Online
A proposta do BE foi rejeitada com os votos contra de PSD, CDS-PP, PPM, Chega e IL e com os votos a favor de PS, BE e PAN.No
debate sobre o programa extraordinário de integração de trabalhadores
precários na administração pública regional, o deputado do BE António
Lima referiu que “a precariedade é um drama social”.“A
precariedade são vidas adiadas, incerteza e instabilidade. A
precariedade é um incentivo a abandonar os Açores, quando precisamos de
fixar pessoas. No tempo atual, que se clama por falta de mão-de-obra e
os serviços públicos sofrem por falta de pessoal, não há motivo algum
para se perpetuar a precariedade e o abuso que esta encerra”, disse.António
Lima alegou que o BE pretendia com a apresentação do projeto de decreto
legislativo regional “fazer justiça a centenas de trabalhadores e de
trabalhadoras” que “garantem o funcionamento de serviços públicos” na
região, incluindo escolas e centros de saúde.“São
trabalhadores com contratos de trabalho a termo, falsos recibos verdes,
vários tipos de programas ocupacionais, bolseiras ocupacionais nas
escolas, entre outros”, disse.Na
discussão, Joaquim Machado, pelo PSD, e Pedro Pinto, do CDS-PP, alegaram
que os governos regionais da coligação têm resolvido problemas
relacionados com a precariedade laboral.Segundo
o social-democrata Joaquim Machado, os governos regionais da coligação
PSD/CDS-PP/PPM "são aqueles que mais se empenharam na redução da
precariedade na região".“Se há Governo
[Regional] que tem combatido a precariedade é o Governo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM, desde 2020”, corroborou o deputado democrata-cristão
Pedro Pinto.Por sua vez Pedro Neves (PAN)
lembrou que algumas situações de precariedade dizem respeito a
necessidades laborais permanentes que são colmatadas com recurso a
“ferramentas que são legais, mas que não são morais”.Pelo
PS, João Vasco Costa defendeu que o executivo regional deveria ser o
“primeiro interessado em promover a estabilidade laboral daqueles que
são mantidos como precários, sem vínculo estável, na administração
pública regional”.Embora reconhecendo a
necessidade de combater a precariedade laboral na região, a deputada
Olivéria Santos (Chega) alertou que “não pode ser sem regras” e que “tem
de ser feito com calma e tranquilidade”.Já
para Nuno Barata (IL), procedimentos extraordinários para a
regularização de trabalhadores da administração pública “não devem ser
uma prática em democracia”, enquanto João Mendonça (PPM) disse que
discordava da proposta do BE porque já existem “algumas exceções” na
legislação, que permitem regularizar situações precárias.Ainda
durante a discussão do diploma, o secretário das Finanças, Planeamento e
Administração Pública dos Açores, Duarte Freitas, salientou que os
executivos da coligação PSD/CDS-PP/PPM “foram, na história da autonomia
dos Açores, aqueles que mais contribuíram para o combate à
precariedade”, na administração pública e no setor privado.Contudo,
acrescentou, o combate à precariedade “é um trabalho que continua” e, a
prazo, “necessidades permanentes na administração pública regional
devem ser, tendencialmente, servidas por contratos efetivos”.O
governando adiantou também que a 31 de dezembro de 2020 estavam em
programas operacionais na administração pública regional, 1.365 pessoas,
“a 31 de dezembro de 2023 apenas 254” e “ontem [segunda-feira], apenas
129”.“É desta maneira que se combate,
também, a precariedade”, defendeu, alertando que as previsões indicam
que a região, até 2030, terá mais de nove mil trabalhadores na situação
de pré-reforma ou reforma, o que será um desafio para “encolher” e
“rejuvenescer a administração pública regional”.“Isto chama-se planeamento e é isto que estamos a fazer”, disse.