Parlamento dos Açores recomenda criação de fundo de compensação para lesados do Banif
28 de jan. de 2021, 11:35
— Lusa/AO Online
A iniciativa
contou com os votos favoráveis de PSD, CDS, PPM, Chega e PAN e contra do
Bloco de Esquerda, da Iniciativa Liberal e do PS.A
proposta inicial sugeria a criação imediata de um fundo de resolução e
não de compensação, mas a iniciativa foi alterada num intervalo
regimental pedido pelo Chega para “consensualizar a redação” da
proposta.As alterações levaram o PS, o
maior partido do parlamento, a criticar a proposta feita “em cima do
joelho”, afirmando que o Chega não preparou o assunto com “competência” e
salientando que “formalmente” os lesados “são investidores e não
depositantes”.“O senhor não pode é querer
que esta assembleia, a começar pelo grupo parlamentar do PS, feche os
olhos a erros crassos do ponto vista jurídico e do ponto vista político
apenas para lhe fazer um favor”, afirmou o líder parlamentar do PS,
Vasco Cordeiro, referindo-se ao líder do Chega.Em
resposta, Carlos Furtado disse não perceber porque é que Vasco
Cordeiro, antigo presidente do Governo Regional, com “todo esse
conhecimento técnico anda há cinco anos a preparar um diploma semelhante
que ainda não apareceu”.O líder
parlamentar do PSD/Açores, Pedro Nascimento Cabral, defendeu que “o que
importa é a intenção da recomendação” do parlamento regional: “nós não
podemos esconder a nossa inércia por detrás de uma ação meramente
formal”, declarou.Na abertura do debate,
Carlos Furtado tinha salientado que a “esmagadora maioria” dos lesados
açorianos do Banif “são pequenos depositantes” que “foram induzidos em
erro”.O PSD, pelo deputado António Vasco
Viveiros, considerou a proposta uma “boa oportunidade” para “contribuir
para uma solução” para os lesados envolvidos num processo com “práticas
ilícitas”.A deputada socialista Sandra
Dias Faria considerou que “urge uma resolução” para os lesados, mas
defendeu que a proposta devia baixar à comissão de especialidade, para
que seja possível apresentar uma “proposta robusta”.O
centrista Rui Martins destacou o “arrastar” do processo ao longo dos
anos, frisando que os lesados do Banif estão “há cinco anos à espera de
uma solução”, criticando a “falta de resposta quer das entidades
públicas, quer dos responsáveis bancários”.O
líder parlamentar do BE, António Lima, salientou que devem ser
encontradas “respostas” para os lesados do Banif, mas realçou que a
proposta do Chega quer “colocar o país inteiro a pagar desmandos do
setor financeiro”, defendendo que a responsabilidade cabe ao setor
bancário e não ao “erário público”.O
deputado do PPM Paulo Estêvão afirmou que o “Estado tem que assumir a
responsabilidade”, não deixando os lesados “ao completo abandono”, uma
vez que os “instrumentos de regulação” não funcionaram.O
deputado do PAN, Pedro Neves, tinha defendido a substituição de um
fundo resolução por um de compensação, como veio a acontecer, para
colmatar “falhas jurídicas”.Já o deputado
da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, afirmou que não existem lesados do
Banif e criticou quem defende os “agiotas que operaram brincando à
bolsa”.