Parlamento dos Açores quer resolver injustiça salarial na Base das Lajes
7 de jan. de 2025, 09:46
— Lusa/AO Online
“A
solução, para nós, parece simples. Nenhum grau da tabela salarial devia
ter um vencimento inferior à retribuição mínima garantida nos Açores”,
defendeu o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios
e Serviços (SITACEHT/Açores), Vítor Silva, durante uma audição na
Comissão de Política Geral da Assembleia Legislativa Regional, reunida
em Angra do Heroísmo.O dirigente sindical
foi ouvido a propósito de uma proposta do deputado único da Iniciativa
Liberal nos Açores, Nuno Barata, que recomenda ao Governo Regional de
coligação (PSD/CDS-PP/PPM) a revisão e atualização das tabelas salariais
dos trabalhadores portugueses que prestam serviço na Base das Lajes.Segundo
o sindicalista, há atualmente oito trabalhadores portugueses que
prestam serviço na base aérea norte-americana das Lajes, na ilha
Terceira, que auferem menos do que o ordenado mínimo regional (913,50
euros, mais 5% do que no território nacional).“É
preciso acabar com a situação de injustiça e discriminação entre
trabalhadores da nossa região, que neste caso até trabalham para um
estado estrangeiro”, insistiu Vítor Silva, que concorda com a proposta
da IL.O presidente do SITACEHT/Açores
entende que o problema não reside apenas nos oito trabalhadores
portugueses que estão a receber menos do que o ordenado mínimo regional,
mas também nos restantes funcionários portugueses que têm vindo a
perder poder de compra por falta de uma revisão geral das tabelas
salariais.“Se nós compararmos os
trabalhadores portugueses na Base das Lajes ao serviço dos
norte-americanos com outros trabalhadores, de outras bases por esta
Europa fora, vamos verificar que se está a ganhar 25% a menos na Base
das Lajes. É muito significativo!”, lamentou o dirigente sindical.A
presidente da Comissão de Trabalhadores da Base das Lajes, Paula Terra,
também ouvida pelos deputados açorianos, considerou que, embora se
esteja a falar de apenas oito trabalhadores (que em breve poderão chegar
a 12, devido à não revisão salarial), este é um problema que tem
impacto direto na economia da ilha Terceira.“Esta
situação revela que os trabalhadores da Base das Lajes representam uma
mão de obra muito barata para os Estados Unidos da América e isso
reflete-se não apenas nas condições salariais, mas também no impacto
direto que estas condições têm na economia local”, lembrou.Para
Vítor Silva, este problema só terá resolução quando a Comissão
Bilateral entre os Estados Unidos da América e Portugal (que gere esta
matéria) decida dar prioridade a este assunto: “colocar este assunto
como o primeiro ponto da ordem do dia, para os americanos perceberem
que, da parte do Estado português, há interesse em resolver este
problema”.O executivo açoriano, liderado
pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, já tinha defendido, em
novembro do ano passado, a necessidade da revisão do suplemento salarial
dos trabalhadores portugueses da Base das Lajes, garantindo que já
tinha intervindo junto daquela infraestrutura norte-americana, para
garantir o cumprimento do salário mínimo regional.“Relativamente
ao suplemento salarial, as representações dos Açores continuarão a
defender que o suplemento [fair wage supplement] seja implementado o
mais próximo possível do dia 01 de janeiro e que os seus valores sejam
revistos para 2025”, referia o Governo Regional, em resposta a um
requerimento apresentado, na altura, pelos deputados do Chega.Segundo
o executivo açoriano, aquele suplemento foi revisto em maio de 2023
para “proceder a ajustamentos que tivessem em consideração um leque mais
amplo de situações”, como as diuturnidades.