Parlamento dos Açores quer alargamento e diversificação do ensino artístico
9 de set. de 2022, 16:11
— Lusa/AO Online
O
diploma foi aprovado no plenário da Assembleia Legislativa Regional,
que decorre na Horta, com os votos a favor de PS, PSD, CDS-PP, BE, PPM,
IL e PAN, tendo tido a abstenção do deputado independente.O
projeto de resolução, apresentado pelos partidos que integram o Governo
Regional (PSD/CDS-PP/PPM), pretende que o executivo "promova, até ao
final da legislatura, o alargamento do ensino artístico especializado na
área da música, dirigido aos alunos do Ensino Básico, a todas as ilhas
dos Açores que ainda não o possuam".Por
outro lado, recomenda que o Governo "amplifique e diversifique a oferta
formativa do ensino artístico especializado já existente, nomeadamente
nas áreas da dança, pintura/desenho e teatro".O
diploma ambiciona, ainda, que o executivo "desenvolva parcerias entre
as escolas dos Açores e instituições culturais ou artistas (regionais ou
nacionais), visando a implementação da oferta formativa em ensino
artístico especializado nos Açores".O
diploma defende a necessidade de "potenciar aprendizagens significativas
que questionem os saberes estabelecidos, integrem conhecimentos
emergentes, promovam a aquisição de competências de nível elevado, a
comunicação eficiente e a capacidade de resolução de problemas
complexos"."O ensino artístico
especializado tem sido um instrumento fundamental para o desenvolvimento
de uma educação de qualidade. Alicerçado no desenvolvimento de
competências ao nível sensorial, motor e afetivo, por via da comunicação
e expressão artística, da imaginação criativa, da sensibilidade
estética e da capacidade crítica, este tipo de ensino tem potenciado
capacidades nos nossos jovens e permitido uma formação e uma educação de
qualidade", observa. O diploma refere
ainda que, nos Açores, segundo as estatísticas da Educação relativas a
2019/2020, além do Conservatório Regional de Ponta Delgada, havia "seis
escolas com oferta de ensino artístico especializado, distribuídas pelas
ilhas de São Miguel, Terceira, Graciosa, Pico e Faial". "Dos
34.444 alunos matriculados no ensino regular em 2019/2020, nas redes
pública e privada, apenas 1.487 frequentavam o ensino artístico
especializado", acrescenta.A secretária
regional da Educação, Sofia Ribeiro, defendeu o ensino artístico como
uma "mais valia, sobretudo desde a mais tenra idade". "Em apenas dois anos letivos, já aumentámos em 10% a frequência do ensino artístico nas escolas da região", disse.Sofia
Ribeiro revelou que será no âmbito da "revisão dos currículos da
educação básica" que se "consubstanciará a democratização do ensino
artístico" na região.Ana Luís, deputada do
PS, destacou os princípios da proposta, partilhados "por todos", mas
apontou o dedo à "forma leve, para não dizer leviana, com que este
projeto de resolução foi apresentado". "Não
passa de um conjunto de boas intenções. Não concretiza nada, está
repleto de incoerências e está alheado da realidade. Os pareceres que
recebemos alertam para a questão da operacionalidade. Estamos perante
uma governação simplista, sem estratégia e cheia de palavras bonitas.
Governar não é isto", afirmou.Também
Alexandra Manes, do BE, considerou necessário "acautelar condições para o
correto desenvolvimento" da proposta e "fazer um trabalho prévio para a
implementação do ensino artístico", lembrando lacunas atuais nas
escolas, como a "falta de assistentes operacionais".Catarina
Cabeceiras, do CDS-PP, defendeu que não são as bancadas parlamentares
quem tem de "definir a operacionalização" da proposta. Por seu lado, o deputado do PSD Joaquim Machado disse que a maioria está a "avançar, em vez de ficar na inércia".Carlos
Furtado, deputado independente (ex-Chega) alertou que os "recursos não
são ilimitados", apresentando "dúvidas" quanto à existência de meios
para a implementação do ensino artístico. Nuno
Barata, da Iniciativa Liberal, observou que o ensino na região "está em
estado recessivo, com menos alunos, equipamentos degradados e há falta
de professores", notando que "o ensino artístico especializado pressupõe
ser realizado por especialistas". "É importante retirar o ensino deste estado recessivo em que se encontra", recomendou. O deputado do PAN, Pedro Neves, defendeu o ensino artístico como "prioritário" e indicou os planos como "demasiado ambiciosos".