Parlamento dos Açores dá parecer negativo sobre subsídio de mobilidade
22 de out. de 2024, 11:50
— Lusa/AO Online
O
parecer da Assembleia Legislativa dos Açores, enviado na segunda-feira
para o gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, foi
assinado pelos oito partidos com assento parlamentar (PSD, PS, Chega,
CDS, PPM, BE, IL e PAN), opondo-se ao projeto de portaria proposto pelo
executivo de Luís Montenegro, que define um teto máximo elegível de 600
euros nas passagens aéreas entre os Açores e o continente.“A
Comissão Especializada Permanente de Economia deliberou, por
unanimidade, dar parecer desfavorável à presente iniciativa”, pode
ler-se no documento enviado pelo parlamento, a que a Lusa teve acesso.Os
deputados açorianos entendem que as novas regras impostas pela
República “condicionam a mobilidade dos açorianos” e “colocam em causa o
princípio da continuidade territorial”, além de “constituírem um
retrocesso no transporte aéreo de passageiros”.A
representação do PSD na Comissão de Economia entende mesmo que é
possível simplificar e desburocratizar o atual modelo de subsídio social
de mobilidade, e que os passageiros residentes “apenas devem pagar, no
ato de aquisição da viagem, a parte do custo que lhe cabe”, atualmente
fixado em 134 euros, e não a totalidade do custo da viagem.Já
os deputados do PS lamentam que o Governo da República tenha publicado
uma portaria a determinar alterações às regras do subsídio social de
mobilidade sem ter aguardado pelos resultados de um grupo de trabalho,
criado a nível nacional, que está a estudar o assunto.Para
os socialistas, qualquer alteração nesta matéria deveria ter o consenso
alargado de todas as autoridades regionais e não ser imposto, desta
forma unilateral, pela República.O Bloco
de Esquerda vai mais longe e lembra, no parecer enviado pelo parlamento,
que os efeitos da primeira portaria publicada pela República, no final
de setembro, devem ser considerados nulos e que nenhum passageiro deve
ser penalizado por isso.O projeto de
portaria agora remetido ao parlamento dos Açores pelo Governo da
República vem substituir uma outra portaria (n.º 234/2024/A) de 26 de
setembro, com o mesmo teor, mas que foi publicada sem a devida
auscultação dos órgãos de governo próprio da região.“Por
lapso procedimental, antes da publicação da portaria, foi ouvido o
Governo Regional da Região Autónoma dos Açores e não a sua Assembleia
Legislativa Regional, contrariamente ao determinado pela Lei n.º 40/96,
de 31 de agosto, na sua redação atual”, justifica o executivo nacional
PSD/CDS-PP, no projeto enviado ao parlamento do arquipélago.O
Governo da República justifica a alteração das regras das viagens
aéreas entre os Açores e o continente alegando que a metodologia de
apuramento do subsídio se revelou “inadequada”, originando o
“encarecimento do custo elegível médio” do bilhete.Nos
Açores, até ao final de setembro, o subsídio permitia aos residentes no
arquipélago deslocarem-se para o continente com uma tarifa aérea máxima
de 134 euros (ida e volta) independentemente do valor de venda. Era
apenas necessário adquirir inicialmente a passagem pelo preço de venda
e, depois de efetuada a viagem, todo o valor acima desta meta de 134
euros era ressarcido a título de reembolso pelo Estado. Com
a alteração recentemente introduzida, se o preço de venda da viagem for
superior a 600 euros, já será o passageiro a suportar o valor acima
desse teto, além dos 134 euros.Para os
estudantes açorianos deslocados, o teto é de 99 euros, ou seja, o
subsídio corresponde à diferença entre o custo do bilhete e o máximo de
99 euros por viagem de ida e volta. Na
Madeira, foi fixado para os residentes o valor de 86 euros nas ligações
de ida e volta para o território continental, valor que pode aumentar se
a viagem exceder o teto máximo de 400 euros.A
generalidade dos residentes madeirenses tem também de pagar a viagem às
companhias aéreas no ato de compra e só no fim pode ser reembolsada, de
forma a apenas ter como encargo o preço fixado. Os estudantes têm a
possibilidade de pagar apenas os 65 euros no ato de compra da passagem
se o fizerem numa agência de viagens.