Parlamento dos Açores critica ausência de ministro na Comissão Permanente de Economia
10 de dez. de 2025, 16:03
— Lusa/AO Online
O
voto de protesto, apresentado pela deputada socialista Marlene Damião,
foi aprovado com 23 votos a favor do PS, cinco do Chega e um do BE e
contra do PSD (23), CDS-PP (dois), PPM (um), IL (um) e PAN (um).Na
apresentação do documento, Marlene Damião referiu que no dia 15 de
julho, a Comissão Permanente de Economia da Assembleia Legislativa da
Região Autónoma dos Açores deliberou, por unanimidade, ouvir em
audiência o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento,
no âmbito da proposta do partido Chega sobre a “Segunda alteração à Lei
Orgânica n.º 2/2013, de 02 de setembro, que aprova a Lei das Finanças
das Regiões Autónomas”.Acrescentou que
foram realizados os contactos formais por parte da Comissão com o
gabinete do governante e agendada a sua audição para o dia 02 de
dezembro, mas o ministro “não compareceu na audição e não justificou a
sua ausência”.“A ausência do senhor
ministro, em razão da matéria, depois de uma deliberação por unanimidade
é, no nosso entendimento, grave, tendo em conta a relevância de uma Lei
que regula e define o relacionamento financeiro entre o Estado e as
Regiões Autónomas”, disse a parlamentar do PS.Segundo
Marlene Damião, verificou-se também um “lamentável desrespeito
institucional” para com a Assembleia Legislativa dos Açores.“Tomada
a deliberação, formalizado o convite e agendada a audição, o que
obtivemos? Nem presença, nem representação, nem explicação e, mais
grave, nem sequer uma resposta. Esta atitude é não apenas incorreta, mas
sobretudo desconsidera e desvaloriza a cooperação institucional entre
os órgãos de Governo próprio da Região Autónoma dos Açores e o Governo
da República”, disse.Para o PS, quando um
membro do Governo da República “não se digna sequer a responder ao
convite”, aquilo que está em causa “não é uma falha de agenda, é uma
falta de respeito institucional e um gesto de desconsideração”.Marlene
Damião referiu, ainda, que a ausência do ministro” não foi apenas uma
ausência física”: “Foi uma ausência política e institucional, que
impediu que a Comissão Permanente de Economia deste Parlamento
recolhesse informações essenciais para o escrutínio democrático,
impedindo-se assim a clarificação de decisões governamentais que têm
impacto direto na vida dos açorianos”.Pelo
PSD, Joaquim Machado disse que “há convites que são aceites e outros
não”, daí que defenda que se deve encarar a situação com naturalidade.“Não
se tratou de uma convocatória nem de uma obrigação do Governo da
República, mas apenas de um convite que não tendo tido resposta, podemos
até entender como declinado”, justificou.Pedro
Pinto (CDS-PP) referiu que, ultimamente, o parlamento açoriano tem
solicitado a presença de vários membros da República, mas o histórico
“não é esse”.“Temos de ter consciência
daquilo que somos institucionalmente, que somos um órgão legitimamente
representativo de uma região autónoma, […] e não é expectável que um
membro do Governo da República tenha por hábito vir prestar
esclarecimentos ou ser ouvido em comissões parlamentares”, alegou.O
deputado Francisco Lima (Chega) referiu que a atitude do ministro é “um
padrão de arrogância” do Governo da República e a sua ausência na
comissão “é uma falta de respeito para todas as bancadas” do parlamento
açoriano que decidiram a sua presença.Já
Nuno Barata (IL) disse que votava contra a proposta porque “não há tempo
a perder com essa gente [governantes da República]”, alegando que os
deputados açorianos têm de fazer o trabalho e enviar as propostas de lei
para a República.“Já temos um histórico
com a República que não inveja ninguém e dar interesse ou importância
àqueles que não nos dão importância será mesmo uma perda de tempo”,
comentou Pedro Neves (PAN).O deputado do
BE, António Lima, disse que o ministro das Finanças não tem obrigação de
ir ao parlamento dos Açores, mas “tem a obrigação de ter um bom
relacionamento institucional”.“Não dar cavaco sobre uma rejeição de um convite a uma comissão não é correto e merece o protesto”, declarou.