Parlamento dos Açores contra alteração da República a legislação de atividades espaciais
16 de dez. de 2021, 18:08
— Lusa/AO Online
Na legislação
em vigor, consultada pela Lusa, os licenciamentos de atividades
espaciais nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira são definidos
por decreto legislativo regional”, enquanto o projeto do Governo da
República prevê que os licenciamentos sejam apenas “objeto de consulta
ao Governo Regional”.Perante
a proposta do BE para “pronúncia por iniciativa própria”, os deputados
da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores manifestaram-se,
unanimemente, “contra a aprovação, pelo Governo da República, do
projeto de decreto-lei que desenvolve o regime jurídico das atividades
espaciais”.António
Lima, do BE, alertou para a tentativa de “retirar às regiões autónomas
qualquer participação” no Espaço, classificando-a como um “intolerável
ataque” à autonomia regional. De
acordo com António Lima, perante uma “violação flagrante do direito
autonómico”, o ministro da Ciência reagiu “dizendo que há atrasos [em
projetos previstos para a região]”, nomeadamente quanto ao porto
espacial na ilha de Santa Maria.O
bloquista alertou que “este decreto-lei será, muito provavelmente,
aprovado” e que o Presidente da República (PR) terá “uma palavra a dizer
e poder de veto”.Se
o PR “promulgar o decreto, a próxima AR [saída das eleições
legislativas de 30 de janeiro] pode alterar o que lá está”, acrescentou.“O
compromisso do BE é que, após eleita a nova AR, será requerida a
apreciação parlamentar do decreto-lei, tendo em vista a reposição” da
regulamentação existente, disse.Paulo
Estêvão, do PPM, assumiu o compromisso de que a coligação
PSD/CDS-PP/PPM, que concorre pelo círculo dos Açores às legislativas, se
baterá contra a proposta.Paulo Estêvão classificou a decisão do ministro da Ciência, Manuel Heitor, como “um enorme atropelo à autonomia” açoriana. “Este
ministro é um inimigo da região, que procura há muito prejudicar
gravemente os interesses dos Açores. Não se percebe bem quais os
interesses que defende. Os regionais não são”, observou. “Também não é do interesse nacional tratar os Açores como uma colónia”, frisou.A
secretária regional da Cultura alertou que “45 anos de autonomia
regional devia ser tempo suficiente para a República perceber” que os
Açores têm “um governo próprio”.“Foi
o que dissemos no parecer [desfavorável] que emitimos [ao projeto de
decreto-lei] – que era inadmissível e inconstitucional”, vincou,
assegurando que “nada está parado” no domínio espacial na região.Vasco
Cordeiro, deputado do PS, líder do PS/Açores e ex-presidente do Governo
Regional disse estar em causa um “problema de competências e respeito
quanto ao que está fixado na Constituição” sobre “como se relaciona a
legislação regional e nacional”. Elisa
Sousa, do PSD, criticou o “atropelo” à autonomia regional e à
Constituição, considerando que a proposta do Governo é também contra “os
interesses nacionais”.O
líder da bancada social-democrata, João Bruto da Costa, defendeu
“mostrar aos centralistas da República que há uma região autónoma que
não se cala”.Pedro Pinto, do CDS, lamentou a “traição política no âmbito de uma pré-campanha eleitoral”. O deputado da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, considerou que, neste tema, “só há os maus: os centralistas da República”.Para
Pedro Neves, do PAN, o diploma da República pretende “tentar, porque,
se calhar, cheira a dinheiro, retirar autonomia aos Açores”. O
deputado independente Carlos Furtado criticou a ausência de “respeito
por uma região gerida com um estatuto político-administrativo”.