Parlamento dos Açores chumba propostas de atualização da remuneração complementar
19 de out. de 2018, 08:49
— Lusa/AO Online
"Estas
matérias devem ser discutidas no âmbito do debate das propostas de
Plano e Orçamento para 2019 e não agora", justificou o vice-presidente
do Governo Regional, Sérgio Ávila, na apreciação dos projetos no
parlamento, reunido na Horta, ilha do Faial.Segundo
Sérgio Ávila, é também necessário aguardar pelo desfecho das
negociações, a nível nacional, relativas ao aumento dos vencimentos da
função pública para 2019, em especial para os trabalhadores que auferem
salários mais baixos, que poderão provocar alterações nas tabelas
remuneratórias."Face
àquilo que está, neste momento, em debate, não é sensato estar a
discutir percentagens sem saber qual é a dimensão desses aumentos dos
funcionários públicos", insistiu o vice-presidente do executivo
socialista.O
deputado único do PCP, João Paulo Corvelo, considerou, contudo, ser "da
mais elementar justiça" que o Governo Regional proceda a um aumento da
remuneração complementar (destinada a atenuar os custos da insularidade)
em 15 por cento já no próximo ano, atendendo a que este subsídio não é
atualizado desde 2012."Que
mais não seja senão por isso. Há, pois, razões para que os
trabalhadores da administração pública acreditem que chegou a hora de
lhes ser feita devida e merecida justiça", frisou o deputado do PCP,
recordando que o custo de vida nos Açores é superior ao resto do país e
que é necessário que os funcionários públicos açorianos vejam reposto o
seu poder de compra.O
vice-presidente do Governo Regional declarou ser preferível aguardar
pela conclusão do processo de atualização salarial, até porque
afirmou-se convicto de que essa atualização será mais vantajosa para os
trabalhadores do que aumentar apenas a remuneração complementar."Tenho
a convicção plena de que, no final deste processo, resultará um aumento
para os funcionários públicos com menor rendimento, superior àquele que
resultaria da aprovação desta proposta", sublinhou Sérgio Ávila.O
deputado do PSD Bruno Belo não ficou, no entanto, esclarecido com as
justificações do governante, acusando-o mesmo de estar a tentar
confundir conceitos diferentes."Os
aumentos salariais da função pública não são para esbater a
insularidade. A remuneração complementar é que se destina esbater a
insularidade. Os aumentos salariais destinam-se a atualizar as
remunerações em função da inflação", esclareceu Bruno Belo.A
bancada do PSD pretendia que a remuneração complementar fosse
atualizada, mas fazia depender esse aumento das negociações entre o
executivo e as centrais sindicais."Já
é mais do que tempo de se fazer justiça aos funcionários públicos que
menos ganham. Foi isso que o PSD/Açores aqui defendeu, ao propor a
abertura de um processo negocial com os sindicatos da administração
pública regional, com vista ao aumento da remuneração complementar",
realçou o parlamentar social-democrata.A maioria parlamentar socialista defendeu ser necessário aguardar primeiro pelas propostas de Plano e Orçamento para 2019."Foram
os governos do Partido Socialista que criaram e aumentaram a
remuneração complementar", referiu Graça Silva (PS), esclarecendo que as
iniciativas não mereceram o apoio da sua bancada parlamentar, porque
não teriam qualquer efeito prático este ano.A
deputada socialista notou que tem sido o PS que tem "defendido sempre,
ao longo dos anos, os trabalhadores dos Açores", não só pela manutenção
da remuneração complementar, mas também através das compensações
efetuadas pelos executivos regionais face aos cortes que o Governo do
PSD fez em Lisboa.A
proposta do PSD foi chumbada, apenas com os votos contra do PS. Já a
proposta do PCP só obteve os votos favoráveis do BE. O PSD e o PPM
abstiveram-se e o PS e o CDS votaram contra.