Parlamento dos Açores aprova voto de protesto pela “violência indiscriminada” em Gaza
6 de jun. de 2025, 10:15
— Lusa/AO Online
No documento, que foi
apresentado pelo parlamentar único do PPM, João Mendonça, a Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) “rejeita com firmeza a
violência indiscriminada contra a população civil palestiniana em Gaza,
em particular os ataques a infraestruturas civis, hospitais e campos de
refugiados, e lamenta profundamente o número de vítimas civis,
especialmente entre crianças e mulheres”.Também
“condena inequivocamente o ataque terrorista do Hamas contra civis
israelitas a 7 de outubro de 2023, reconhecendo o direito do Estado de
Israel à sua segurança e à sua existência” e denuncia o bloqueio à
entrada de ajuda humanitária essencial como uma violação do direito
internacional humanitário, apelando a que “todos os corredores
humanitários sejam imediatamente abertos e respeitados”.No
texto, a ALRAA apela ao “cessar-fogo imediato e ao início de
negociações diplomáticas, com a mediação da ONU e da comunidade
internacional, visando a proteção da população civil, a libertação dos
reféns e a busca de uma solução política duradoura”.No
voto de protesto é também manifestada solidariedade para com todas as
vítimas do conflito, “sem distinção de origem, etnia ou religião”, e
reafirmada “a necessidade de que todos os responsáveis por crimes de
guerra sejam responsabilizados perante instâncias internacionais”.A
ALRAA compromete-se, ainda, no quadro da sua responsabilidade
institucional e política, “a continuar a defender os valores da paz, da
dignidade humana, da legalidade internacional e do respeito pelos
direitos humanos universais”.João Mendonça
justificou a iniciativa, que foi apresentada no plenário de junho, na
Horta, na ilha do Faial, como sendo a “expressão da solidariedade do
povo açoriano com todas as vítimas do conflito” e do compromisso da
Assembleia Regional “com os princípios universais da dignidade humana,
da paz e do direito humanitário internacional”.O
deputado referiu ainda que o parlamento açoriano “não pode permanecer
em silêncio perante a tragédia humana que continua a desenrolar-se em
Gaza, onde milhares de vidas civis, incluindo milhares de crianças,
foram perdidas em resultado de um conflito armado cuja violência atingiu
níveis absolutamente inaceitáveis”.O voto
de protesto vai ser enviado ao Presidente da República, à Assembleia da
República, ao Governo da República, à Provedoria de Justiça, ao
Parlamento Europeu, à presidente da Comissão Europeia, ao Alto
Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, ao
secretário-geral das Nações Unidas, ao Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos, à Comissão de Inquérito da ONU sobre os
Territórios Palestinianos Ocupados, à Cruz Vermelha Internacional, à
Amnistia Internacional, à Human Rights Watch, à UNICEF, à Embaixada de
Israel em Lisboa, à Missão Diplomática da Palestina em Lisboa e ao
Tribunal Penal Internacional.Israel
declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para
“erradicar” o movimento islamita palestiniano Hamas, horas depois de
este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem
precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e
sequestrando 251.A guerra naquele
território palestiniano fez, até agora, quase 55.000 mortos, na maioria
civis, e pelo menos 125.000 feridos, além de cerca de 11.000
desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns
milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números
atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.