Parlamento dos Açores aprova proposta de lei para incluir imigrantes no subsídio de mobilidade
14 de dez. de 2024, 09:36
— Lusa
A iniciativa,
apresentada pelos três partidos que formam o Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM), surge na sequência da recente alteração, a nível
nacional, das normas que regulam o subsídio social de mobilidade e que
excluem desse apoio os cidadãos imigrantes residentes nos Açores que
tenham origem em países que não integram a União Europeia.“Esta
norma nunca foi cumprida desde que o subsídio social de mobilidade foi
criado, em 2015, mas agora, nas circunstâncias e nos constrangimentos,
nomeadamente, nos seus impactos financeiros, e também pelas incidências à
margem das normas legais, resulta a exclusão de quase 2.500 cidadãos
que residem nos Açores, são bem-vindos e são necessários à nossa
economia”, lembrou o deputado do PSD Joaquim Machado durante a
apresentação da proposta.A proposta de
lei, que será agora enviada à Assembleia da República para aprovação,
foi acompanhada pelos oito partidos com assento parlamentar no
arquipélago (PS, PSD, Chega, CDS-PP, IL, BE, PAN e PPM), que consideram
tratar-se de um “erro grosseiro” da República e de uma “discriminação
inaceitável”, que deve ser corrigida.“Esta
interpretação agora, depois de nove anos de prática, cria uma injustiça
brutal em relação aos imigrantes que, de facto, aqui residem, aqui
trabalham e aqui fazem os seus descontos, e contribuem para a nossa
região”, insistiu o secretário regional dos Assuntos Parlamentares,
Paulo Estêvão, para quem “esta desigualdade é inaceitável”.O
deputado do Bloco de Esquerda, António Lima, entende que esta
anteproposta de lei dificilmente será aprovada na Assembleia da
República até ao final deste ano e que, a partir de janeiro, já não
poderá ser aprovada, devido à “lei travão”.“Esta
anteproposta de lei vai esbarrar com a norma travão da Constituição,
que diz que os deputados e as assembleias legislativas das regiões
autónomas não podem apresentar propostas que aumentem a despesa no ano
económico em curso, ou seja, esta proposta, muito provavelmente, não
poderá entrar em vigor no ano de 2025”, insistiu António Lima.Para
tentarem ultrapassar esta questão, os deputados aprovaram também, por
unanimidade, um projeto de deliberação proposto pelo PPM, que recomenda
que esta iniciativa seja incluída na agenda de trabalhos da Assembleia
da República já durante o mês de dezembro.Recorde-se
que o parlamento açoriano já havia aprovado, esta semana, um voto de
protesto, apresentado pelo Bloco de Esquerda, sobre a exclusão de
imigrantes do subsídio de mobilidade.Na
terça-feira, o presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores
(AIPA), Leoter Viegas, disse à Lusa que foram surpreendidos no dia 08 do
novembro quando uma agência de viagem os informou que, segundo uma
comunicação dos CTT, “a partir desse momento, os cidadãos nacionais de
países terceiros deixam de beneficiar do subsídio social de mobilidade”.Segundo
o dirigente, o subsídio passou a abranger apenas cidadãos portugueses,
da União Europeia (UE), dos estados que fazem parte do Acordo de
Schengen (Noruega, Islândia, Lichtenstein e Suíça) e dos estados onde a
UE e Portugal têm acordos de cooperação e de amizade (caso do Brasil).Ma
semana passada, o Governo da República disse que está a trabalhar na
legislação do modelo de atribuição do subsídio social de mobilidade para
evitar situações de desigualdade entre residentes, mas assegurou que se
limitou a aplicar a lei.