Parlamento dos Açores aprova projeto de resolução do Chega sobre RSI
17 de out. de 2024, 15:18
— Lusa/AO Online
O projeto de resolução
apresentado pela bancada do Chega foi aprovado por maioria com 22 votos
a favor do PSD, cinco do Chega, dois do CDS-PP, um do PPM e um da IL,
22 votos contra do PS e um do BE e uma abstenção do PAN.No
documento, apresentado por José Pacheco, o Chega propõe que os
beneficiários do RSI, “à exceção das situações legalmente previstas,
ainda que não reúnam, temporariamente, as condições para o trabalho,
devem estar inscritos no centro de emprego da sua área de residência,
sob pena de cancelamento do mesmo apoio”.O
partido recomenda ainda que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM)
elabore, “como medida de combate à fraude, um plano de ação para
assegurar a realização de juntas médicas no prazo máximo de 60 dias a
contar da data de entrega dos requerimentos para a avaliação de
incapacidade a que as mesmas digam respeito”.Numa
intervenção na sessão plenária da Assembleia Legislativa, que decorre
na Horta até sexta-feira, José Pacheco defendeu que a região não pode
continuar a “criar um fosso entre quem trabalha e quem não quer
trabalhar”.“Não podemos aceitar que os
contribuintes continuem a pagar [RSI] àqueles que não querem trabalhar”,
disse, acrescentando que os desempregados nem sempre estão recetivos a
encontrar novo emprego e, nas baixas médicas, “são muitas as denúncias”
de fraudes.Nas declarações de voto, José
Toste (PS) justificou que o partido votou contra porque a resolução
comporta ilegalidades nos pontos 1 e 2, “ou seja, é recomendado ao
Governo [Regional] que tenha uma ação ilegal” em relação “àquilo que são
os regimes do RSI, do subsídio de desemprego e das baixas por doença”.“Em
relação aos demais pontos, é apenas referido que seja cumprida a lei”,
acrescentou, concluindo que o documento aprovado “significa uma acusação
infundada ao Governo [Regional] de incumprimento da lei”.Pelo
BE, António Lima disse que votou contra porque acredita que “a
administração pública e o Governo Regional, este e outros, não camuflou a
lei”.“Este diploma é uma forma de
pressionar o Governo [Regional] a não cumprir com a lei. É uma forma de
tentar retirar pessoas do RSI de forma administrativa, é uma forma de
perseguir pessoas e resulta de uma obsessão que o proponente tem para
com os mais pobres, que se traduz nos beneficiários do RSI”, afirmou.Por
parte da bancada do PSD, João Bruto da Costa justificou o voto a favor
argumentando que a resolução apresentada pelo Chega mais não faz do que
“sinalizar a necessidade de se continuar um trabalho de cumprimento
daquilo que é a lei sobre a atribuição deste subsídio”.“Há
cerca de quatro anos eram mais ou menos 18 mil beneficiários e o RSI
médio era na ordem dos 70/80 euros e, o que temos agora, são cerca de
sete mil beneficiários com um subsídio RSI médio de 323,50 euros por
família. Nós estamos a acompanhar quem efetivamente precisa”,
esclareceu.O CDS-PP aprovou a proposta
porque o partido “defende e continua a defender que este mecanismo de
apoio social deve apoiar aqueles que precisam, aqueles que estão numa
situação de vulnerabilidade”, disse Catarina Cabeceiras.Nuno
Barata (IL) votou a favor com o argumento de que “os pontos resolutivos
mais não fazem do que recomendar ao Governo [Regional] que cumpra com
aquilo que está na lei e, desse ponto de vista, o parlamento dos Açores
tem a obrigação”.“Consideramos fundamental
que se proceda a uma maior fiscalização destes mecanismos de proteção
social para que não permaneçam na sociedade suspeições nem abusos”,
disse.Já Pedro Neves (PAN), justificou a
abstenção porque não houve debate e, “olhando para a exposição de
motivos”, receou que o proposto “fosse mais virado para o RSI e aquela
cegueira do Chega de tentar acabar com o RSI o mais rapidamente
possível”.Na sessão plenária, o parlamento
açoriano também discutiu duas petições sobre as Áreas Marinhas
Protegidas, uma de Jorge Gonçalves e outra de José Azevedo.