Parlamento dos Açores aprova novo diploma sobre produção de energia elétrica
Hoje 09:30
— Lusa/AO Online
O novo decreto legislativo
regional determina que o exercício destas atividades é desenvolvido, em
exclusivo, pela empresa de eletricidade dos Açores (EDA), mas prevê
também a produção em regime independente, por parte de operadores
privados, embora dependente de um “procedimento concorrencial e
transparente” e sujeito a “controlo prévio”.“Não
temos um, nem dois, temos 22 projetos pendentes”, explicou a secretária
regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, que
tutela também a pasta da Energia, durante uma intervenção em plenário,
reunido na cidade da Horta, dando conta da existência de vários
operadores privados interessados no negócio.Mas
Russel Sousa, deputado do PS, lamenta que o diploma já venha tarde:
“não foi a visão estratégica deste Governo que nos trouxe até aqui, mas
sim a incapacidade de garantir, atempadamente, o quadro legal,
bloqueando investimentos que já poderiam estar a produzir energia limpa
na nossa região”.Também Nuno Barata,
deputado da Iniciativa Liberal, contestou a redação do diploma, que
considera ser “inimigo do consumidor, da concorrência e dos
contribuintes”, já que, na prática, não permite a entrada de novos
operadores privados na região.“O que este
diploma faz é impedir o crescimento de qualquer iniciativa privada de
produção e distribuição de energia elétrica na região autónoma dos
Açores”, acusou o parlamentar liberal, que prometeu trazer, no início de
2026, o tema, de novo a plenário, para tentar corrigir a sua redação
final.António Lima, deputado do Bloco de
Esquerda, entende que há mesmo um “flagrante conflito de interesses” em
matéria de produção de energia nos Açores, uma vez que a empresa Bencom,
pertencente ao grupo Bensaude (um dos acionistas privados da EDA) é
também um dos principais fornecedores da elétrica açoriana.“Num
ajuste direto de 50 milhões de euros, o ano passado, para a compra de
fuelóleo, a EDA adjudicou a quem, à empresa Bencom, que é propriedade do
maior acionista privado da EDA”, lembrou o parlamentar bloquista.José
Paulo Sousa, deputado do Chega, entende que mais do investir na
produção de energia, é necessário apostar em equipamentos de
armazenamento de energia na região, para evitar eventuais cortes no
fornecimento de eletricidade nos Açores, semelhantes ao “apagão” que
ocorreu na Península Ibérica a 28 de abril de 2025, que afetou
transportes, comunicações e serviços.Pedro
Neves, deputado do PAN, teme que esta nova legislação preveja “alguns
cavalos de Troia”, desconfiando das reais intenções dos partidos que
apoiam o executivo açoriano, liderado pelo social-democrata José Manuel
Bolieiro.Mas a titular da pasta da Energia
nos Açores, explicou que a principal preocupação do Governo, durante a
elaboração do diploma, foi garantir que não haja um “retrocesso” no
arquipélago, em matéria de convergência tarifária com o restante
território nacional, que está em vigor há 25 anos.“Nós
temos que continuar a garantir uma conquista de um tarifário nacional
aplicável à região, que não se pode pôr em risco”, alertou Berta Cabral,
lembrando que esta convergência, permitiu que se praticassem na região,
tarifas elétricas mais baratas do que no passado.A
nova legislação foi aprovada pelos deputados do PSD, CDS-PP, PPM e
Chega, com a abstenção do PS e do BE, e o voto contra do PAN, numa
altura em que o deputado da IL já não se encontrava na sala de plenário.O
parlamento açoriano aprovou também, por proposta do PS, uma alteração
legislativa que garante a comparticipação total e o acesso a sistemas
híbridos de perfusão subcutânea contínua de insulina para diabéticos
tipo 1, que segundo os socialistas, não estava assegurado na região e
que representava uma “discriminação” dos doentes açorianos, em relação
ao resto do país.