Parlamento debate quarta-feira requerimento da IL para ouvir Costa na 1.ª comissão
Ucrânia
9 de mai. de 2022, 17:56
— Lusa/AO Online
A
Iniciativa Liberal entregou um requerimento para a audição
parlamentar do primeiro-ministro, António Costa, “sobre o alegado
envolvimento no acolhimento de refugiados, em alguns concelhos, de
associações que fazem parte das instituições de propaganda russa”. O
presidente da comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos,
Liberdades e Garantias, o social-democrata Fernando Negrão, disse à Lusa
que este requerimento foi agendado “para reunião da comissão de
quarta-feira [11 de maio]” e a Iniciativa Liberal foi informada da
“doutrina em vigor”, segundo a qual o primeiro-ministro responde por
regra no plenário e não nas comissões. Em
causa está um parecer datado de fevereiro de 2012, no tempo do
executivo PSD-CDS liderado chefiado por Passos Coelho, enviado hoje por
Fernando Negrão à IL, que conclui que “o direito potestativo do artigo
104º” do Regimento, relativo a audições parlamentares, “não abrange o
primeiro-ministro”.No parecer, ao qual a
Lusa teve acesso, pretende-se saber qual o alcance do direito
potestativo dos grupos parlamentares previsto no artigo 104º do
Regimento sobre audições parlamentares e “saber se com a expressão
‘membros do Governo’ se quer aí significar também ‘primeiro-ministro’”.“É
verdade que a Constituição e o Regimento incluem o primeiro-ministro no
género ‘membros do Governo’. Seria falsificar a interpretação dizer que
o primeiro-ministro não é uma espécie do género ‘membros do Governo’.
Mas também é verdade que sempre que o Regimento chama pelo protagonismo
do primeiro-ministro designa-o como tal”, lê-se no parecer assinado pela
presidente da Assembleia da República à data, Assunção Esteves.Neste
documento é também referido que, na altura, o primeiro-ministro
respondia à Assembleia da República “em debates quinzenais” – que
deixaram de existir desde 2020, passando a ser bimensais. “Aliás,
a praxe parlamentar de longos anos sempre interpretou a presença do
primeiro-ministro no parlamento como tendo no plenário o seu lugar
adequado. A presença do primeiro-ministro nas comissões nunca foi vista
como regra, nem mesmo como exceção”, estabelece o parecer.Neste
documento, compreende-se que “estender a presença do primeiro-ministro
às comissões, somada aos debates quinzenais e outros, e atento o seu
papel complexo de condução da política geral do governo, induziria a uma
situação de stress do controlo político pelo parlamento, dissolvendo a
racionalidade que é exigida ao sistema de controlo político”.“Não
se pode aqui também argumentar com um vazio, democraticamente
insuportável, de controlo da matéria em causa. A matéria só seria
incontrolável se o regimento não apresentasse respostas alternativas.
Mas apresenta, desde a delegação, quando se dá, às perguntas escritas,
formas de mandato e ao debate no plenário”, lê-se.Segundo
fonte oficial da Iniciativa Liberal, o grupo parlamentar já respondeu
ao presidente da comissão de Assuntos Constitucionais, considerando que
“a referida decisão não constitui precedente, especialmente tendo em
conta que foi emitida num diferente enquadramento, tanto no que diz
respeito ao Regimento da Assembleia da República, como no que concerne
às competências do primeiro-ministro”.Na
mensagem, os deputados sugeriam que o requerimento para ouvir Costa
fosse incluído na reunião da comissão de terça-feira, dia 10, mas
entretanto este já está agendado para quarta-feira.