Parlamento debate Programas de Estabilidade e de Reformas do Governo
24 de abr. de 2018, 08:35
— Lusa/AO online
O
PS deverá votar contra todos as resoluções porque, como justificou à
Lusa um elemento da direção da bancada, “contêm perspetivas centrais”
com as quais os socialistas discordam “frontalmente".O
PSD e CDS-PP não anteciparam os sentidos de voto nas várias
recomendações, que, de qualquer forma, não têm força legislativa. O BE
apenas adiantou que irá votar contra as resoluções de PSD e CDS-PP e o
PCP também irá rejeitar a resolução dos democratas-cristãos, à
semelhança do que aconteceu em anos anteriores. A líder do CDS-PP,
Assunção Cristas, já disse publicamente que o partido votará contra o
texto do Bloco.O
debate, com início marcado para as 10:00, tem uma duração prevista de
duas horas e contará com a presença do ministro das Finanças, Mário
Centeno. No
Programa de Estabilidade 2018-2022, entregue no parlamento em 13 de
abril, o Governo reviu em baixa a meta do défice deste ano para 0,7% do
Produto Interno Bruto (PIB), face aos 1,1% inscritos no Orçamento do
Estado para 2018.O
executivo reviu, por outro lado, em alta a estimativa de crescimento
económico para este ano, de 2,2% para 2,3%, e anunciou uma previsão de
taxa de desemprego de 7,6%, de taxa de inflação de 1,4% e uma descida da
dívida pública para 122,2% do PIB.O
único partido que propõe a rejeição do Programa de Estabilidade no seu
projeto de resolução é o CDS-PP. Os democratas-cristãos são também o
único partido que apresenta um projeto de resolução sobre o Programa
Nacional de Reformas, no qual recomendam ao Governo que “adote um
conjunto de medidas que permitam colocar Portugal numa trajetória
sustentada de crescimento económico e emprego”.O
projeto do PSD, intitulado “Por uma alternativa de Mais Crescimento e
Melhor Estado”, recomenda ao Governo que prossiga a redução do défice e
da dívida, mas com “outro caminho de consolidação orçamental, mais
saudável e sustentável”, e que desenvolva e implemente “efetivas
reformas”. Os sociais-democratas nunca propõem, contudo, a rejeição do
documento.Já o
BE, que avisou publicamente que não concordava com a revisão das metas
do défice, recomenda precisamente ao Governo que “respeite os limites do
défice fixados na aprovação do Orçamento de Estado para 2018 e que
sejam devolvidas à sociedade as folgas orçamentais registadas”, através
do reforço do investimento nos serviços públicos, designadamente no
Serviço Nacional de Saúde e na escola pública.“Pela
afirmação do direito soberano de Portugal decidir do seu futuro - Pela
resposta aos problemas do País” é o título do projeto de resolução do
PCP que recomenda a recusa “das opções assentes na submissão à União
Europeia e ao Euro, bem como os instrumentos de condicionamento do país
daí decorrentes” e a afirmação do "direito soberano do Estado português a
decidir do seu futuro”, assumindo a necessidade de mobilizar os
recursos necessários ao aumento dos salários e pensões e à melhoria dos
serviços públicos.No
Programa de Estabilidade, o Governo inscreve uma medida de redução do
IRS no valor de 200 milhões de euros, mas apenas para 2021, e estima que
o descongelamento das progressões na carreira dos trabalhadores da
administração pública vá custar quase 600 milhões de euros líquidos até
2020.Fonte da
bancada socialista disse à agência Lusa que o PS considera provável
‘chumbo’ de todas as resoluções na próxima quinta-feira: as do PSD e
CDS-PP por via dos votos contra da maioria de esquerda parlamentar; as
do BE e PCP pela conjugação de votos contra de socialistas,
sociais-democratas e democratas-cristãos.