Parlamento da Madeira abstém-se de tomar posição definitiva sobre proposta
OE2023
25 de out. de 2022, 17:54
— Lusa/AO Online
A Comissão de Economia, Finanças e
Turismo da Assembleia Legislativa da Madeira afirma, em comunicado, ter
aprovado hoje, por unanimidade, o parecer solicitado pela Assembleia da
República, no qual sublinha não compreender a “exiguidade das verbas
inscritas e apuradas” nos termos da Lei das Finanças das regiões
autónomas.A comissão parlamentar indica
que esses valores representavam inicialmente “apenas 0,73%” da despesa
efetiva do Estado e, passados sete anos, representam “somente 0,64%”.“Inexplicável,
também, é o facto de que o valor referente às transferências para a
Região Autónoma da Madeira está 17,8 milhões de euros abaixo do valor
registado em 2016, quando a Região Autónoma dos Açores já o ultrapassou
em 36,9 milhões de euros”, refere o parlamento madeirense.“Esta
arbitrariedade não resulta da pura aplicação da lei, nem da evolução
dos indicadores macroeconómicos cujo comportamento foi similar entre as
duas regiões, bem como a semelhança dos aspetos conjunturais”, adianta o
comunicado, sublinhando que “continua em falta a inscrição das verbas
referentes às receitas fiscais de anos anteriores devidas às regiões
autónomas que, no caso da Madeira, ascendem a 31,4 milhões de euros”.No
parecer da Comissão de Economia, Finanças e Turismo é também referido
que o crescimento de 7% do Produto Nacional registado em 2022 teria de
implicar uma variação semelhante no valor das referidas transferências,
mas “tal não se verifica na proposta apresentada", onde consta "um
crescimento de apenas 50% desse valor (3,5%)”.A
comissão parlamentar diz, por outro lado, que “continua a epopeia
associada à construção do novo Hospital Central e Universitário da
Madeira”, sendo que o processo referente à comparticipação de 50% pelo
Estado é “pouco claro, sombrio e pleno de dúvidas”. “O
Governo Regional [PSD/CDS-PP] apresentou a estimativa referente aos
trabalhos a executar em 2023 cujo valor atinge os 62,8 milhões de euros,
por isso, é incompreensível que o Governo da República [PS] apenas
tenha inscrito na sua proposta o valor de 22,3 milhões de euros,
estando, assim, em falta 9,1 milhões de euros”, refere o parecer. Na
análise feita pela comissão parlamentar à proposta do OE2023, consta
que é “urgente” dotar a empresa pública Investimentos Habitacionais da
Madeira (IHM) de estatuto semelhante ao Instituto da Habitação e da
Reabilitação Urbana (IRHU), de forma a estar abrangida pelos benefícios
fiscais inerente em sede de IMT, IMI e IVA.O
parecer aponta ainda que a região autónoma tem direito à sua parte
referente ao leilão 5G, resultado da atribuição do direito de uso do
espetro radioelétrico do seu espaço territorial às operadoras de
telecomunicações, e que o Estado deve proceder à distribuição desse
valor de acordo com o critério da capitação.Por
outro lado, o documento refere que “continua por pagar a dívida dos
subsistemas de saúde da ADSE, SAD PSP, IASFA e GNR”, cujo valor ascende a
24 milhões de euros, “sem qualquer perspetiva de ressarcimento”.Os
deputados da Comissão de Economia, Finanças e Turismo salientam que
subsiste a “incompreensível situação de incumprimento” da Lei nº
105/2019, de 06 de setembro, que define o novo modelo de subsídio social
de mobilidade, aprovada por unanimidade na Assembleia da República.O
parecer vinca, por outro lado, que “o Governo da República, no artigo
95.º da Lei n.º 2/2020, de 31 de março (OE2020), se comprometeu em
assegurar a existência de uma linha marítima regular de passageiros
entre a Madeira e o continente, mas até agora “esse compromisso não se
materializou” e “desapareceu por completo” da proposta de Orçamento e do
Plano de Investimentos.“Esperando que
estas gritantes lacunas sejam preenchidas e que as situações pendentes
possam ser dirimidas e resolvidas em sede de especialidade, a ALRAM
[Assembleia Legislativa da Madeira] abstém-se de tomar uma posição
definitiva, reservando-a para a fase final da discussão desta proposta”,
refere a conclusão do parecer aprovado por unanimidade.