Parlamento aprova regime que regulariza "Chãos de Melhoras"
5 de jul. de 2019, 16:18
— Lusa/AO online
A proposta de lei apresentada
pelo Governo Regional e aprovada pela Assembleia Legislativa da Região
Autónoma dos Açores foi hoje votada na Assembleia da República, em
Lisboa, tendo sido aprovada por unanimidade tanto na generalidade, como
na especialidade, onde foram também votadas alterações num guião
suplementar à parte.O documento visa
resolver a questão dos “Chãos de Melhoras”, um sistema vigente em São
Miguel, em que os donos das casas não possuem o terreno onde estas foram
edificadas, e define um prazo de dez anos, a partir do momento de
publicação da lei, durante o qual o proprietário do bem de maior valor, o
solo ou a habitação, goza do direito potestativo [que não admite
contestação] de aquisição do outro bem.O
valor patrimonial dos bens será definido legalmente, segundo o
estipulado no Código das Expropriações, sendo que o diploma prevê que
seja possível recorrer a um Tribunal Arbitral.Segundo
esta proposta, cabe aos municípios das áreas em causa a elaboração dos
planos de pormenor e regularização urbanística, no prazo máximo de dois
anos, sendo que, para tal, contam com a “cooperação técnica e
financeira” do executivo regional.O
documento prevê ainda que o Governo dos Açores apoie financeiramente as
famílias que não tenham condições financeiras para adquirir os terrenos
das suas habitações permanentes.A situação
designada por “chãos de melhoras” manifesta-se nos Açores desde o
século XIX e consiste na cedência temporária, por parte do proprietário
de terreno, da fruição temporária do uso do solo, mediante o pagamento
de uma renda.As habitações construídas
nesse solo são da propriedade dos fruidores, mas os terrenos onde se
situam não lhes pertencem, criando dificuldades não só a nível jurídico,
como até na manutenção das casas, já que as instituições de crédito não
permitem constituir hipotecas quando a propriedade da casa não coincide
com a propriedade do solo onde foi edificada.