Parlamento aprova reconhecimento da profissão de bombeiro como de desgaste rápido
9 de out. de 2024, 17:54
— Lusa/AO Online
Estas
propostas constavam em dois projetos de lei do PCP e foram aprovadas
com os votos favoráveis do Chega, BE, PCP, Livre e PAN e a abstenção de
PSD, PS, Iniciativa Liberal (IL) e CDS. No final das votações, todas as
bancadas parlamentares se levantaram e aplaudiram as dezenas de
bombeiros, alguns fardados, que se encontravam nas galerias a assistir
ao debate.Durante o debate, o deputado do
PSD José Antunes dos Santos salientou que o Governo anunciou a criação,
esta terça-feira, de um grupo de trabalho para preparar uma proposta de
carreira, benefícios, regalias e formação para os bombeiros voluntários e
profissionais. “A criação do grupo de
trabalho será o início de um processo que queremos que seja rápido,
eficaz e estrutural para dar aos bombeiros e ao país melhores soluções
do que aquelas que o PCP apresenta”, afirmou, acusando os comunistas de,
“numa lógica populista e eleitoralista”, quererem fazer “tábua rasa do
pouquíssimo trabalho” que fizeram durante a ‘geringonça’.Por
sua vez, o deputado do PS André Rijo disse considerar que “compete, em
primeira linha, ao Governo o impulso legislativo para operar alterações
nas carreiras e condições dos profissionais da administração pública” e
frisou que espera que o grupo de trabalho apresentado pelo executivo dê
um “desfecho favorável” às “legítimas reivindicações dos bombeiros
portugueses”.No entanto, o socialista
defendeu que é hora de se “avançar com compromissos políticos firmes”
para valorizar a condição socioprofissional dos bombeiros portugueses,
anunciando que o partido iria viabilizar os diplomas do PCP, apesar de
criticar algumas das medidas e de salientar que o PS apresentou projetos
de resolução que dão melhor resposta às reivindicações dos bombeiros.“Reconhecemos
que é urgente introduzirmos melhorias nas condições socioprofissionais
dos bombeiros portugueses e, por conseguinte, se este projeto de lei
puder passar à fase da especialidade, contará naturalmente com os nossos
contributos para que assim consigamos algo ainda mais positivo para os
nossos soldados da paz”, disse.O líder do
Chega, André Ventura, salientou que o diploma do PCP para reconhecer a
profissão de bombeiro como sendo de desgaste rápido é boa para os
bombeiros e anunciou que o seu partido iria votar a favor. “Não
há nenhuma desculpa ideológica ou política, não há nenhum olhar para
trás ou para o lado, este projeto - seja do PCP, do BE, do Livre, do PS
ou do Chega - este projeto tem de ser aprovado hoje, aqui na casa da
democracia”, disse.Em sentido contrário, a
líder parlamentar da IL, Mariana Leitão, defendeu que é preciso avançar
“no sentido de uma verdadeira reestruturação dos corpos de bombeiros,
da revisão da carreira”, considerando que “medidas avulsas, de forma
dispersa, nos vários diplomas, muitos deles desatualizados, não vão
resolver os problemas”, referindo-se aos diplomas do PCP.Pelo
BE, o deputado José Soeiro disse que iria aprovar as propostas do PCP e
manifestou esperança de que, na especialidade, se consiga alcançar,
entre outros, um suplemento de risco de penosidade, de insalubridade, no
valor de 30% em relação à remuneração dos bombeiros ou que se paguem as
horas extraordinárias que não foram pagas. O
porta-voz do Livre Rui Tavares disse que está a favor das
reivindicações dos bombeiros e garantiu-lhes que, na especialidade,
podem contar com o Livre para as apoiar, assegurando ainda que vai
vigiar o grupo de trabalho anunciado pelo Governo.Já
a deputada única do PAN Inês Sousa Real lamentou que o ordenado base de
um bombeiro sapador, no início da sua carreira, seja de 722 euros,
defendendo que valorizar a profissão é “urgente e deve ser feita de
forma abrangente”.No final do debate, o
deputado do PCP António Filipe comprometeu-se a procurar convergências
na especialidade e salientando que, havendo agora um processo
legislativo no parlamento sobre a carreira dos bombeiros, justifica-se
que “haja uma convergência de esforços” com o grupo de trabalho
anunciado pelo executivo.