Parlamento aprova audição do diretor da PJ sobre diploma relativo à Interpol e Europol
28 de set. de 2022, 12:42
— Lusa/AO Online
Foi também aprovada, por
unanimidade, a audição da presidente da Associação Sindical dos
Funcionários de Investigação Criminal da PJ, mas a vinda da ministra da
Justiça sobre o tema acabou ‘chumbada’ com o voto contra do PS. Na
discussão do requerimento, apresentado pelo PAN, o socialista Pedro
Delgado Alves considerou que, em termos da orgânica do Governo, esta não
é matéria do Ministério da Justiça, não fazendo sentido ouvir Catarina
Sarmento e Castro, mas não se opôs à audição das restantes entidades.“O
que nos parece problemático é o calendário desejável para a conclusão
do procedimento legislativo, uma vez que esta matéria foi impulsionada
em grande medida pelas recomendações formuladas no âmbito da avaliação
Schengen”, que terá uma nova ronda de avaliação em breve, sustentou.O
deputado afirmou que a “preocupação principal é a da conclusão ainda
antes do calendário do Orçamento do Estado desta iniciativa
legislativa”, adiantando que o PS “vai apresentar um conjunto de
propostas de alteração para ir ao encontro de preocupações demonstradas
pelos partidos”.Pelo PSD, a deputada
Mónica Quintela vincou que a ministra da Justiça deveria ser ouvida
sobre este tema uma vez que estão em causa “matérias que se prendem com a
investigação criminal” que “estão na sua tutela”. O
mesmo argumento foi utilizado pela deputada da Iniciativa Liberal
Patrícia Gilvaz que manifestou “sérias dúvidas quanto à
constitucionalidade deste tema”.Pelo PCP,
Alma Rivera sustentou que “a cooperação internacional no âmbito da
investigação criminal é naturalmente” da tutela da Justiça, criticando a
argumentação do PS.No passado dia 16 de
setembro, o PS aprovou sozinho, com votos contra de toda a oposição, a
proposta do Governo sobre a reestruturação do Ponto Único de Contacto
para os gabinetes da Europol e Interpol.O
diploma do executivo pretende passar para o secretário-geral do Sistema
de Segurança Interna (SGSSI), que se encontra na dependência direta do
primeiro-ministro - sendo por ele nomeado - a coordenação dos gabinetes
em Portugal da Europol e Interpol, até agora sob a alçada da Polícia
Judiciária (PJ), que goza de autonomia na investigação criminal.No
debate na generalidade da proposta, o Governo negou qualquer intenção
de "politizar o sistema de justiça" ou de violar o princípio da
separação de poderes com a proposta do Ponto Único de Contacto para os
gabinetes da Europol e Interpol.A garantia
foi repetida diversas vezes pela ministra Adjunta e dos Assuntos
Parlamentares, Ana Catarina Mendes, num debate parlamentar sobre a
proposta de lei do Governo que uniu todos os partidos da oposição na
crítica a uma alegada tentativa de controlo político da investigação
criminal e ataque ao Estado de direito.