Parlamento adia votação sobre exclusão das Regiões Autónomas e município das regras das PPP
26 de jun. de 2020, 15:50
— Lusa/AO online
As iniciativas do
PS e do PSD querem clarificar o diploma atualmente em vigor, de 2012,
depois de em março a Assembleia da República ter aprovado cinco projetos
de cessação de vigência do decreto-lei de dezembro do ano passado do
Governo sobre PPP.O regime que cessou -
que esteve em vigor pouco mais de três meses - continha uma norma
interpretativa que excluía municípios e Regiões Autónomas do diploma
geral das PPP, que as iniciativas hoje discutidas vão repor, se vierem a
ser lei.A norma interpretativa do regime
revogado permitia, por exemplo, às Câmaras Municipais de Lisboa e do
Porto avançarem com projetos como o programa de habitação acessível na
capital ou as obras requalificação do antigo Matadouro de Campanhã, no
Porto, ultrapassando vetos do Tribunal de Contas.O
diploma do PS clarifica que o regime geral das PPP não se aplica nem
aos municípios nem às Regiões Autónomas, enquanto o do PSD apenas exclui
a Madeira e Açores.Baixou também à
especialidade, sem votação, um projeto-lei do PAN que pretende que a
celebração de qualquer nova Parceria Público-Privada seja
obrigatoriamente precedida de um parecer técnico do Conselho de Finanças
Públicas, que avalie o impacte na sustentabilidade de médio e longo
prazo das finanças públicas e certifique a viabilidade económica e
financeira do contrato.No debate, o
socialista António Gameiro explicou que o único objetivo da iniciativa
socialista é “clarificar” em relação ao diploma de 2012 quais as
entidades excluídas e estranhou que a iniciativa do PSD apenas trate as
Regiões Autónomas e não os municípios.“Porque
deixa o PSD os municípios de fora? Qual a verdadeira razão? Julgamos
possível resolver essa questão na especialidade”, afirmou.Pelo
PSD, a deputada eleita pela Madeira Sara Madruga da Costa afirmou que
“a decisão de constituir PPP é exclusiva dos órgãos de governo próprio
de cada Região Autónoma e não pode estar nas mãos de Lisboa”,
ressalvando que a iniciativa social-democrata não dispensa estas
parcerias de uma análise de custo-benefício.A
deputada acusou ainda o PS de, com o seu diploma, “querer utilizar as
Regiões Autónomas para incumprir o que quer fazer com os municípios”.Pelo
PAN, o deputado André Silva salientou que o partido “não diaboliza” o
regime das PPP, mas admite que têm “problemas que atravessam sucessivos
governos”.“O caminho não pode ser do
aligeiramento do controlo e das regras aplicáveis”, afirmou,
justificando o novo mecanismo agora introduzido pelo partido.A
deputada do CDS-PP Cecília Meireles saudou a iniciativa do PAN, mas
questionou a bondade dos projetos do PSD e do PS, considerando que “os
princípios de rigor se devem aplicar também aos municípios e às
regiões”.BE e PCP manifestaram a sua
oposição de princípio às PPP, com a bloquista Isabel Pires a defender
que o modelo “não tem forma de ser melhorado” e o comunista Duarte Alves
a rejeitar as iniciativas de PS e PSD pela “posição de fundo” do
partido, mas defendendo ser “óbvio” que a lei geral não se aplica nem às
Regiões Autónomas nem aos municípios.O
deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, defendeu
que “o Estado não tem de ser dono de tudo o que preste serviços
públicos”, enquanto André Ventura, representante único do Chega, acusou
PCP e BE de recusarem as PPP apenas por “sectarismo ideológico”.