Parlamento açoriano rejeita projeto de resolução do BE sobre uso de tecnologias nas escolas
17 de out. de 2024, 09:36
— Lusa/AO Online
O projeto
apresentado pelo deputado do BE/Açores António Lima, foi rejeitado após o
empate em duas votações seguidas, com 22 votos a favor do PS, um do BE,
um do PAN e um da IL, 22 votos contra do PSD, dois do CDS-PP e um do
PPM e cinco abstenções do Chega.Na
apresentação da proposta, o deputado lembrou que no ano letivo 2021/2022
teve início a implementação do projeto dos manuais digitais nos Açores,
através de um projeto-piloto. No seguinte “deu-se a implementação
deste projeto em todas as turmas do 5.º e 8.º anos de escolaridade”,
sendo em 2023/2024 estendido às turmas do 6.º e 9.º anos e, no presente
ano letivo, aos 7.º e 10.º anos.“Apesar de
não se ter realizado, até à data, nenhum estudo com caráter científico
sobre o impacto da utilização exclusiva de manuais digitais, o Governo
[Regional] manteve o calendário previsto para a sua implementação. Isso
acontece, sem uma avaliação de fundo da medida e apesar de todas as
reservas de professores e encarregados de educação”, alertou.A proposta do BE abordou ainda a utilização de telemóveis nos espaços escolares.António
Lima propunha ao parlamento que recomendasse ao Governo Regional
[PSD/CDS-PP/PPM] a elaboração de um documento com orientações sobre o
uso saudável de tecnologias nas escolas e “para a promoção de recreios
sem ecrãs, pelo menos, nos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico”.No
debate, Olivéria Santos (Chega), disse que para o partido “o modelo
assente nos manuais [escolares] físicos é o ideal”, embora na sala de
aula se usem outras ferramentas: “Temos de proteger os nossos jovens das
distrações associadas aos dispositivos tecnológicos, até aos
telemóveis”.A deputada socialista Inês Sá
lembrou o “arranque desastroso” do ano letivo na região e, entre outros
aspetos, disse que faltaram manuais digitais.“O
grupo parlamentar do PS continua a acreditar que é possível fazer uma
transição digital nas nossas escolas com a seriedade e rigor que se
impõe, monitorizando este processo de forma isenta e imparcial, sem
colocar em causa os princípios de uma escola universal promotora da
igualdade e inclusiva. Lamentavelmente, até à presente data, não é isso
que se tem verificado”, disse.Em relação
aos manuais escolares, Joaquim Machado (PSD) admitiu que “a recomendação
[do BE] vale o que vale”, porque o executivo regional já está a fazer a
avaliação.Quanto à utilização de
tecnologias nos recintos escolares, “isso deve ser avaliado, ponderado e
decidido pela comunidade educativa de cada unidade orgânica”.Catarina
Cabeceiras (CDS-PP) observou que devem ser as escolas a decidir “sobre o
uso ou não das tecnologias no recinto escolar” e quanto aos manuais
digitais, “dar um passo atrás não é o caminho”, embora admita que “há
sempre melhorias a fazer”.João Mendonça
(PPM) disse que o uso inadequado das tecnologias pode trazer prejuízos,
“mas isso não se deve confundir com o papel pedagógico e transformador
dos manuais digitais”, porque “nunca foram, nem nunca serão, o único
recurso nas salas de aula”.“O verdadeiro
desafio não está na exclusão, mas sim na educação para o uso responsável
e ético das tecnologias, e é isso que este Governo [Regional] está a
fazer”, disse.A secretária regional da
Educação, Sofia Ribeiro, também lembrou que o manual digital “não é o
único recurso na sala de aula” e rejeitou as críticas quanto à falta de
acompanhamento do processo.A tutela tem
feito uma avaliação do uso dos manuais digitais “sempre com a
auscultação prévia do Conselho Coordenador do Sistema Educativo
Regional”. “Estamos já a tratar de um
caderno de encargos para podermos ter uma avaliação externa no processo
de implementação de manuais digitais, já (…) no próximo ano civil”,
anunciou.Foi também discutida pelo
parlamento açoriano a petição “pelo regresso à utilização dos manuais em
papel e utilização dos ‘tablets’ e computadores como recurso de apoio”,
da autoria de Augusto Castro.