Parlamento açoriano recomenda criação de mecanismo de combate a baixas fraudulentas
16 de abr. de 2025, 10:06
— Lusa/AO Online
O
projeto de resolução, apresentado pelo Chega, foi aprovado, em março,
no parlamento açoriano, com os votos a favor do proponente e dos
partidos que governam a região em coligação (PSD, CDS-PP e PPM),
contando com os votos contra de PS, PAN e BE e a abstenção da IL.A
resolução recomenda que o executivo açoriano “fiscalize os processos
clínicos das baixas médicas iguais ou superiores a 30 dias, através da
Inspeção Regional de Saúde, de acordo com critérios de seleção
predefinidos por esta entidade”.Recomenda
ainda que o Governo Regional “estabeleça um prazo máximo de 90 dias para
a realização de junta médica nas situações em que se presuma a não
existência ou cessação de incapacidade temporária para o trabalho”.Por
fim, é recomendado que o executivo “tome as medidas necessárias para
que cada um dos seus departamentos crie condições para a realização de
juntas médicas dos respetivos trabalhadores”.No
debate, em plenário, na Assembleia Legislativa dos Açores, a deputada
Olivéria Santos, do Chega, deu o exemplo dos professores e assistentes
operacionais, referindo que, em janeiro, existiam 308 e 233
profissionais, respetivamente, de baixa médica.“Tem-se
verificado o uso recorrente a baixas médicas, muitas delas alegadamente
fraudulentas. Tal facto tem gerado graves prejuízos, quer no setor
público, quer no setor privado, devido à falta de mão-de-obra”,
declarou, reivindicando uma maior fiscalização.A
secretária regional da Saúde e Segurança Social anunciou um reforço de
três inspetores para a Inspeção Regional da Saúde, até ao final do
primeiro semestre, mas lembrou que aquela entidade “não tem qualquer
tipo de ação sobre o beneficiário da baixa”, uma vez que só pode
averiguar o processo clínico e “não vai atrás do trabalhador para ver se
está doente”.O socialista José Toste
admitiu que é necessária “fiscalização”, mas avisou que “não se pode ter
como ponto de partida que todas as baixas são fraudulentas”, acusando o
Governo Regional de se colocar ao lado do Chega para ter uma “atitude
persecutória” com professores e assistentes.Também
Pedro Neves (PAN) criticou a iniciativa por ser “contra docentes e
assistentes”, enquanto António Lima (BE) condenou o “clima de suspeição
inadmissível” lançado pelos partidos de direita contra aqueles
profissionais.O deputado da IL, Nuno Barata, considerou que a aprovação do diploma “atira um anátema gravíssimo sobre a classe dos médicos”.Por
sua vez, a deputada do PSD Salomé Matos garantiu que o “foco” do
partido é o “combate ao absentismo” e salientou que o diploma do Chega
“não é um papão”, destacando que as “ações não são sobre os
trabalhadores”.Paulo Margato (PPM) avisou
que “não se pode minorar a classe médica” e Catarina Cabeceiras (CDS-PP)
defendeu a realização de um “escrutínio sem qualquer preconceito de
classe profissional”.A 26 de fevereiro, o
presidente do Conselho Médico da Ordem dos Médicos dos Açores, Carlos
Ponte, afirmou não ter recebido qualquer queixa, nos últimos três anos,
sobre alegadas baixas fraudulentas.Também
em fevereiro, a inspetora regional da Saúde, Ana Vasconcelos,
anunciou que iria avançar com uma grande ação de fiscalização contra as
baixas fraudulentas no setor da Educação, que iria abranger também os
profissionais de saúde, que poderão incorrer em “processos
disciplinares”.