Parlamento açoriano recomenda ao Governo apoio a vítimas de violência doméstica
16 de dez. de 2022, 16:31
— Lusa/AO Online
O projeto
de resolução apresentado pelo BE foi aprovado com 24 votos do PS, dois
dos bloquistas, um do Chega, um da Iniciativa Liberal e um do PAN, tendo
contado com a abstenção do PSD (20), do CDS (três), do PPM (dois) e do
deputado independente.O vice-presidente do
Governo Regional, Artur Lima, assegurou que o executivo está “empenhado
em rentabilizar os meios existentes”, alertando que apenas podia
garantir uma “avaliação” à Linha Contra a Violência (800 27 28 29) e
não, como pedia a resolução do BE, “uma ampliação para assegurar o
atendimento 24 horas por dia”.Artur Lima
destacou que, em 2020, a linha recebeu 10 chamadas e, em 2021, oito,
sendo que “a grande maioria das chamadas são feitas entre as 09h00 e as
11h00”.“Estamos atentos. Não vou dizer que vamos ampliar. Vamos avaliar, repensar”, garantiu.Vera
Pires, deputada do BE, alertou que “a necessidade de a vítima expor o
seu caso não tem hora”, e Pedro Neves, do PAN, destacou igualmente que,
durante a noite, não existe “nada em termos de apoio”.A
resolução recomenda também ao Governo que, “em concertação com as
associações de apoio a vítimas de violência doméstica e com o Instituto
da Segurança Social dos Açores, proceda a obras de adaptação das
estruturas físicas das Casas Abrigo existentes, para que sejam capazes
de dar uma resposta diferenciada a vítimas de violência vulneráveis em
função da idade ou que apresentem algum tipo de incapacidade”.Artur Lima destacou que este ponto está já a ser “integralmente cumprido”.A
resolução recomenda ainda ao executivo que “inclua na aplicação
Alert4You-PROCIV Azores ligações às diversas linhas de Apoio à Vítima
existentes nos Açores, assim como à PSP e ao número europeu de
emergência (112) e que permita a denúncia por mensagem escrita”.No
documento, o BE destacava que “o último relatório publicado pela
Associação Portuguesa de Apoio à Vítima dos Açores (APAV Açores),
nomeadamente pelo Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Ponta Delgada, de
2020, dá conta de que a categoria criminal com maior destaque é a dos
crimes contra as pessoas, representando 95,7% dos crimes registados" por
aquele gabinete”.Por outro lado, nos
Açores, entre a categoria criminal dos crimes contra as pessoas, “72,5%
representam crimes de violência doméstica”, indicou a deputada do BE
Vera Pires. A parlamentar referiu ainda
que, entre as vítimas de crimes registadas pelo GAV de Ponta Delgada em
2020, “14% dizem respeito a pessoas com mais de 65 anos de idade”.Durante
o debate, a deputada do PS Célia Pereira defendeu a aposta “na
prevenção e formação” e considerou que “todas as medidas que ajudem a
fazer a diferença são positivas”.Rui Martins, do CDS-PP, lembrou que, “na emergência e no pânico, a linha a que as vítimas devem recorrer é o 112”.“O
que será mais profícuo: canalizar recursos para uma linha com um
escasso número de procura ou para onde posam ser mais eficazes?”,
questionou.Também Paulo Estêvão, do PPM,
defendeu que a importância de os mecanismos a adotar serem “eficazes”,
alertando para a reduzida procura da linha de apoio. Nuno
Barata, da Iniciativa Liberal (IL), defendeu a aplicação como uma
“forma barata, fácil e contemporânea de aceder a queixas”.O
deputado do Chega, José Pacheco, considerou “uma vergonha a violência
doméstica ainda existir” na sociedade atual e Luís Soares, do PSD,
assinalou que os Açores são a região do país “com maior número de
participações” relativas a violência doméstica, sendo “a prevalência de
57% da vitimação sobre mulheres”.Ou seja, “uma em cada duas mulheres” dos Açores é vítima de violência doméstica, explicou.