Parlamento açoriano reclama regularização de salários em atraso na Base das Lajes
16 de out. de 2025, 09:58
— Lusa/AO Online
“A
ausência de pagamento de dias de trabalho aos trabalhadores da Base das
Lajes, por parte dos Estados Unidos da América, é vergonhosa e
atentatória aos direitos destes trabalhadores e não tem qualquer
fundamento legal”, refere a resolução, apresentada pelo deputado do
Bloco de Esquerda, António Lima.O
parlamentar bloquista lembrou que estes funcionários portugueses estão
sob “furlough”, uma norma prevista na legislação norte-americana, que
permite interromper o pagamento aos trabalhadores por falta de aprovação
orçamental, mas que não tem, no entanto, “qualquer enquadramento legal
em Portugal”.“É, por isso, urgente que o
Governo Regional e o Governo da República exijam de forma assertiva e
imperativa o pagamento aos trabalhadores portugueses da Base das Lajes e
que os seus direitos sejam sempre garantidos, recorrendo aos mecanismos
legais previstos no âmbito do acordo bilateral entre Portugal e os
EUA”, insiste a resolução aprovada pelo parlamento açoriano.Mas
o secretário regional dos Assuntos Parlamentares, Paulo Estêvão,
lembrou em plenário que o executivo açoriano já tinha enviado, uma carta ao Ministro dos Negócios Estrangeiros
português, Paulo Rangel, manifestando “a profunda preocupação”
relativamente à situação laboral dos trabalhadores portugueses na Base
das Lajes.“Além disso, a adjetivação
apresentada é contraproducente”, alertou o governante, considerando que
“é pouco diplomático” utilizar a terminologia que o Bloco de Esquerda
apresenta na sua resolução, ainda por cima, referindo-se a um dos
maiores aliados do arquipélago e de Portugal, que é os EUA.Mas
Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, lembra que o presidente
norte-americano, Donald Trump “já está habituado” a este tipo de
linguagem mais crítica, e que não é a terminologia utilizada pelo Bloco
de Esquerda que vai provocar um incidente nas relações diplomáticas
entre portugueses e norte-americanos.Andreia Cardoso, líder parlamentar do PS na Assembleia Regional,
desconfia da existência da qualquer carta enviada pelo Governo ao
Ministro dos Negócios Estrangeiros, a este propósito, ainda por cima,
depois de ter sido divulgada, através do site do executivo, apenas
minutos antes da resolução do BE ter sido discutida no parlamento: “onde
é que está a carta!? Mostre a carta!?”“Palavra
de honra que a carta foi remetida!”, garantiu Paulo Estêvão, alegando
não poder provar, naquele momento, que a missiva tinha sido enviada, mas
garantindo que o podia fazer mais tarde, se esse fosse o entendimento
do parlamento açoriano.“Quando é que a
carta foi enviada? A que horas?”, insistiu António Lima (BE),
acompanhado de Pedro Neves, do PAN, que juntou ironia ao seu pedido:
“forneça-nos a carta, se faz favor, com jeitinho e com um pacote de
açúcar”.João Bruto da Costa, líder
parlamentar do PSD, disse não compreender as exigências da oposição, que
pretende que a Assembleia Legislativa dos Açores aprove uma resolução
“a recomendar ao Governo que faça aquilo que o Governo já fez”.A
proposta de resolução acabou aprovada por maioria, com os votos a favor
do BE, PS, PAN, IL, e CH, apesar dos votos contra dos três partidos que
formam o Governo (PSD, CDS e PPM), que não tem, no entanto, maioria
parlamentar.