Parlamento açoriano dá parecer favorável ao plano de reestruturação das pescas
Hoje 14:58
— Lusa/AO Online
Os deputados
social-democratas votaram a favor do plano - que prevê a redução do
esforço de pesca, a renovação da frota e apoios à cessação da atividade –
mas os restantes partidos com assento da Comissão de Economia optaram
pela abstenção, remetendo a sua posição para plenário, quando o assunto
for debatido.O plano apresentado pelo
executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro apresenta
como uma das principais medidas a criação de um programa de
monitorização, a instalar a bordo das embarcações de pesca, através do
qual seja possível fiscalizar a captura remota do pescado.A
par disso, o Governo Regional, que, entretanto, aumentou o número de
áreas marinhas protegidas na região, pretende também reforçar a presença
de observadores a bordo, para melhor conhecer os verdadeiros impactos
das pescarias nos ecossistemas marinhos.Mais
formação para os pescadores, mas também mais responsabilização, é o que
pretendem os autores deste plano, que está em análise no parlamento
regional desde meados desse ano.Para
reduzir o esforço de pesca no arquipélago, o governo açoriano vai criar
incentivos à cessação definitiva da atividade e ao abate de determinadas
artes de pesca, com o apoio de fundos comunitários.Em
2024, havia 499 embarcações de pesca licenciadas nos Açores, a maioria
delas, com menos de 10 metros de comprimento, embora já se tenha
assistido a uma redução gradual do esforço de pesca nos Açores, na ordem
dos 20% nos últimos dez anos.Os autores
do plano de reestruturação das pescas dos Açores entendem que é preciso,
no entanto, reduzir ainda mais a pressão da atividade extrativa nos
recursos piscícolas da região, por isso, estão também a preparar
alterações ao sistema contributivo e de reforma dos profissionais da
pesca, privilegiando as reformas antecipadas.O
transporte e escoamento do pescado é outra área que tem de ser
melhorada, segundo refere o plano, de forma a permitir a chegada rápida
do peixe aos mercados de destino, sem perda de qualidade.O
aumento de áreas marinhas protegidas nos Açores, a redução dos bancos
de pesca e o aumento anunciado para a taxas de lotas já originou a
contestação da fileira da pesca nos Açores, que na passada semana, em
conferência de imprensa, admitiu avançar para uma “greve geral”.Para
os comerciantes de pescado dos Açores, o aumento das taxas da empresa
pública Lotaçor representa um “imposto encapotado” e não passa de um
novo “ataque” à sustentabilidade do setor, que já está a atravessar
dificuldades.