Parlamento açoriano aprova voto de pesar por morte de cabo-verdiano agredido junto a discoteca
9 de abr. de 2024, 17:46
— Lusa/AO Online
No
texto do voto de pesar, apresentado pelo deputado único do BE, António
Lima, refere-se que o cidadão Ademir Araújo Moreno, que nasceu em 1974,
na Cidade da Praia, em Cabo Verde, era calceteiro de profissão e estava a
trabalhar na cidade da Horta.O cidadão
cabo-verdiano morreu no dia 19 de março, no hospital da Horta, dois dias
depois de ter sido “agredido violentamente com um soco que o deixou
inanimado”.O suspeito da agressão,
indiciado do crime de homicídio qualificado, foi detido pela Polícia
Judiciária (PJ) e encontra-se em prisão preventiva, a aguardar o
desenrolar do processo.O deputado do BE
António Lima lembra no texto que após o “chocante acontecimento”, no dia
19 de março, realizou-se uma vigília de homenagem à vítima e os
organizadores “consideraram a morte de Ademir Araújo Moreno um lembrete
doloso aos desafios persistentes […] em relação ao racismo e à xenofobia
nos Açores”.A Associação dos Imigrantes
dos Açores também condenou a “brutal agressão” e repudiou “atos de
violência verbal e física contra qualquer ser humano, independentemente
de se tratar de um imigrante ou autóctone”.Segundo
o BE, “o racismo mata” e Ademir Araújo Moreno, de 49 anos, “é um triste
acrescento à lista de vítimas mortais do ódio racial em Portugal”.“Perante
este crime, impõe-se a exigência de justiça, de forma célere e
rigorosa”, lê-se no documento hoje aprovado por unanimidade no
parlamento açoriano.Por parte do PS, o
deputado Lúcio Rodrigues lamentou o que se passou: “Fazemos votos de que
a justiça faça o seu caminho, faça o seu papel e que sejam apuradas as
responsabilidades”, disse.Pelo PSD falou
Salomé Matos, tendo referido que o grupo parlamentar social-democrata
lamenta o ocorrido “com profunda consternação” e “repudia qualquer forma
de violência ou de discriminação”.Já
Pedro Pinto (CDS-PP) disse esperar que as autoridades “façam o seu
trabalho com seriedade e sejam apuradas as circunstâncias e as causas”
do incidente e, “havendo lugar a penalizações, que elas sejam feitas de
um modo exemplar”.“Este incidente […] não reflete o nosso modo de acolher os cidadãos estrangeiros na nossa comunidade”, observou.O
líder parlamentar do Chega, José Pacheco, lamentou o incidente, mas
também o facto de em Portugal existir “um sistema de justiça que não
saiba penalizar fortemente quem retira a vida a outra pessoa”. “Nos Açores este é um caso muito isolado, porque aqui sabemos receber, integrar e não diferenciar”, garantiu.O
suspeito da morte de Ademir Araújo Moreno foi detido pela PJ, que em
comunicado explicou que “o crime terá ocorrido no contexto de uma
violenta discussão, envolvendo várias pessoas, no desenvolvimento da
qual o agora detido, funcionário daquele estabelecimento, terá agredido a
soco a vítima, deixando-a inconsciente”.O
alegado agressor, de 23 anos, é também acusado de ter abandonado o
local do crime, sem prestar apoio à vítima, situação que poderá agravar a
moldura penal em que incorre, indicou a mesma fonte.