Parlamento açoriano aprova recurso do PS para discutir alterações a cantinas escolares
14 de dez. de 2022, 19:10
— Lusa/AO Online
O recurso socialista
foi aprovado no plenário da Assembleia Regional, que está a decorrer na
Horta, com 25 votos a favor do PS, dois do BE, um do Chega, um da IL e
um do PAN, a abstenção do deputado independente e 21 votos contra de
PSD, três do CDS-PP e dois PPM.Em causa
está uma proposta de substituição do decreto legislativo regional que
regula o funcionamento das cantinas e das refeições escolares, da
autoria da Comissão de Assuntos Sociais, cuja discussão em plenário foi
rejeitada depois de os serviços jurídicos da Assembleia Regional terem
considerado que o diploma violava a lei travão.A
chamada lei-travão, inscrita no n.º 2 do artigo 167.º da Constituição,
proíbe os deputados de apresentarem iniciativas "que envolvam, no ano
económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das receitas do
Estado previstas no Orçamento".Também o
artigo 45 do Estatuto Político dos Açores advoga que os “deputados e os
grupos e representações parlamentares não podem apresentar projetos ou
propostas de alteração de decreto legislativo regional” que impliquem,
“no ano económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das
receitas da região previstas no Orçamento”.Na
apresentação do recurso, o líder parlamentar do PS/Açores, Vasco
Cordeiro, lembrou que “qualquer direito só pode ser limitado ou
constrangido nos termos exatos da lei” e considerou que apresentar
iniciativas legislativas é “um dos mais nobres direitos dos deputados”.O
socialista defendeu que “não é legal considerar que uma proposta
debatida e votada ainda este ano viola a lei travão”, tal como António
Lima, do BE, que realçou que a lei-travão diz respeito ao “ano económico
em curso”.O deputado do PAN, Pedro Neves,
expressou “dúvidas” sobre a “possibilidade de se retirarem poderes aos
deputados”, enquanto o liberal Nuno Barata classificou a situação como
uma “trapalhada jurídica”.O líder
parlamentar do PSD, Bruto da Costa, defendeu que deveria ser respeitado o
“sentido da norma travão”, alertando que não se deve “apresentar um
diploma com impactos num Orçamento aprovado o mês passado”.Também Rui Martins, do CDS-PP, considerou que o diploma não deveria ser admitido porque coloca em causa a lei-travão.