Parlamento açoriano aprova recomendação para estudo de custos da produção de leite
Covid-19
22 de mai. de 2020, 10:46
— Lusa/AO Online
“A
preocupação tem a ver com o facto de discordarmos das opções e decisões
em relação à estratégia para os laticínios, sem perceber o que se passa
ao nível das explorações”, explicou o deputado social-democrata António
Almeida, no debate que antecedeu a votação, que aconteceu na tarde de
quinta-feira.“Não estamos a trabalhar, nem
a governar às cegas. O setor do leite não tem margens para isso”,
retorquiu o secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte.Para
o deputado social-democrata, “a terra das vacas felizes está a
construir um ambiente de lavradores infelizes e de indústrias cuja
competitividade é assegurada pelo baixo preço do leite aos produtores”.A
proposta foi apresentada “para que seja possível vender, pelo preço
justo, os produtos lácteos dos Açores”, defendeu António Almeida.O
responsável pela tutela considerou que “tudo aquilo que for possível
fazer para tornar mais cristalino, reforçar a informação e o
conhecimento sobre o setor dos laticínios merecerá” a “disponibilidade e
colaboração” do executivo açoriano, socialista.“Se
as políticas públicas e as medidas adotadas fossem erradas, com
consequência no rendimento das explorações, como se justifica que a
produção na Região Autónoma dos Açores tenha crescido e no continente
decrescido, que tenhamos a taxa mais elevada de jovens na agricultura do
país?”, questionou João Ponte.Para Paulo
Estêvão, deputado único do PPM, há “grandes vantagens na realização
deste estudo”, mas “este não é o melhor momento para se aferir esta
realidade”, atendendo a que “há um conjunto de variáveis que estão
alteradas pelo contexto de pandemia” de Covid-19.O
deputado Paulo Mendes, do BE, admitiu que “conhecer os custos de
produção é importante, e que até já deviam ser conhecidos”, mas
sublinhou que o estudo deve “considerar variáveis associadas à
sustentabilidade ambiental, para que não sejam incentivados modos de
produção que coloquem em causa aquilo que nos distingue”, destacando o
“enorme potencial para valorizar os nossos produtos agrícolas e melhor
remunerar os produtores”.Já o deputado
único do PCP, João Paulo Corvelo, defendeu que “conhecer os custos de
produção ilha a ilha é muito importante” e considerou que os
agricultores da região “sabem produzir muito bem, mas têm de ser
ajudados, para que produzam cada vez melhor”, apontando falta de
condições nas ilhas do grupo oriental.O
socialista António Toste Parreira destacou que o problema é estrutural,
com uma Europa que “continua a produzir muito leite” e onde, no que
respeita ao consumo, “a tendência é para baixar”, e apontou que “a
Europa deve dar uma resposta comum”.Também
a deputada independente Graça Silveira lamentou que, depois de um dia
inteiro de debate dedicado à agricultura, “fica, novamente, uma mão
cheia de nada”.“De tudo aquilo que
aprovámos hoje aqui, foi pedir à Europa, recomendar, monitorizar e
estudar. Eu pergunto: Quando é que vamos, finalmente, governar?”,
questionou.Reconhecendo que a proposta é
um “importante contributo para o conhecimento da realidade atual” e para
a “definição das políticas a seguir”, a deputada Catarina Cabeceiras,
do CDS-PP, apontou que, “até agora, a estratégia para a reconversão das
explorações para o setor leiteiro tem sido o lançamento de medidas
avulsas, quando o setor precisa de um plano, de uma estratégia clara e
inequívoca, num trabalho proativo e integrador de todos os
intervenientes do setor”.O parlamento
açoriano está reunido por videoconferência desde terça-feira, na segunda
sessão plenária 'online' devido à atual pandemia.