Parlamento açoriano aprova auditoria do Tribunal de Contas ao grupo SATA
21 de mai. de 2021, 08:42
— Lusa/AO Online
A
proposta dos partidos que, em coligação, formam o Governo Regional dos
Açores foi aprovada com os votos favoráveis dos oito partidos com
assento parlamentar (PS, PSD, CDS-PP, PPM, BE, Chega, IL e PAN), depois
de uma substituição integral do documento inicialmente entregue no
parlamento açoriano.O documento foi
apresentado pelo social-democrata António Vasco Viveiros, que demonstrou
“satisfação” pela aprovação da proposta, referindo que não se pode
“perder a dimensão daquilo que é e foi o prejuízo da SATA, o que foi a
quebra de valor e aquela que é a fatura para os açorianos”.“Só em 2020, o dinheiro que é injetado na SATA representa quase todo o IRS pago num ano pelos açorianos”, afirmou.Da
bancada socialista veio a garantia de que o partido “é e será a favor
de qualquer proposta que possa esclarecer, dar mais transparência e que
possa estudar, com o cuidado que lhe é devido, o funcionamento da
administração regional, o funcionamento das empresas públicas, os seus
atos de gestão e também os seus atos políticos”, disse Francisco César.Já
o deputado centrista Rui Martins defendeu que, “relativamente à
auditoria da SATA, para lá de todo o historial da dívida”, importa “não
esquecer que configura uma opção de gestão megalómana e potencialmente
ruinosa em muitos milhões, que é o contrato do A330, o cachalote”.“Poderia
alongar-me em considerações de alegadas opções que em nada terão
beneficiado a empresa, mas seria sempre um exercício de suposição, e é
por isso que urge auditar a SATA e verificar se houve, efetivamente,
dolo na gestão da empresa neste longo percurso de destruição financeira e
reputacional”, prosseguiu o parlamentar.Para
o deputado da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, a SATA precisa “de
ajuda, de colaboração, não precisa de lavar de roupa suja, e o que
estava no texto inicial deste projeto de resolução era uma tentativa de
lavar roupa suja”.“Da parte da Iniciativa
Liberal, contem sempre, apesar da oposição do meu partido a nível
nacional, com a Iniciativa Liberal dos Açores para proteger a companhia
aérea regional, mas contem também com a opinião crítica para fazer a
restruturação de que a companhia necessita”, assegurou.Também
o líder do Chega nos Açores, Carlos Furtado, considerou que “a
auditoria do Tribunal de Contas ao grupo SATA não pode ser interpretada
como uma caça às bruxas, mas também não pode ser interpretada como um
ato apenas de fazer por fazer”.“É preciso identificar o que é que não correu bem durante estes anos todos”, defendeu.António
Lima, líder do Bloco de Esquerda nos Açores, também afirmou que a
“proposta de substituição que é feita torna a redação (…) retira-lhe uma
carga política mais forte” e votou favoravelmente a iniciativa,
“esperando que esta auditoria contribua para que se conheça a fundo e
que se tenha a opinião de uma entidade idónea e que tem competência
nesta matéria”.O líder parlamentar
monárquico, Paulo Estêvão, frisou que o “desequilíbrio financeiro da
SATA estava a ter e está a ter neste momento consequências graves para a
Região Autónoma dos Açores” e pediu uma “análise rigorosa da situação”.Pedro
Neves, do PAN, lembrou que, quando se fala da SATA, “estamos a falar do
nosso autocarro nos Açores”, sublinhando que se trata de uma “empresa
necessária” para a região, como prestadora de “serviço público”.As
duas transportadoras da SATA (a SATA Air Açores, que viaja dentro do
arquipélago, e a Azores Airlines) fecharam o terceiro trimestre de 2020
com prejuízos de 61 milhões de euros, valor superior aos 38,6 milhões
negativos do período homólogo de 2019.A
operação da SATA em 2020, à imagem da globalidade das transportadoras
aéreas, foi fortemente condicionada pela pandemia de Covid-19, tendo a
empresa parado a operação durante a maior parte do segundo trimestre do
ano.Todavia, os prejuízos globais do grupo
açoriano haviam já sido de 53 milhões de euros em 2019, valor em linha
com a perda registada em 2018.