Parisienses satisfeitos com o regresso da máscara às ruas da capital
30 de dez. de 2021, 17:38
— Lusa/AO online
"Acho
que é uma boa ideia. Há tanta gente no metro que já não põe a máscara,
mesmo sendo obrigatório, e cada vez mais gente que não hesita em tossir
para cima dos outros na rua. Com o número de casos que há em Paris, eu
comecei a usar a minha máscara já hoje!", afirmou Jason, parisiense de
30 anos, em declarações à agência Lusa.As
autoridades da capital voltaram a decretar a obrigatoriedade da máscara
na rua a partir de sexta-feira, 31 de dezembro, já que Paris se tornou o
departamento com maior número de contágios em toda a França, com 2.000
casos positivos por 100.000 habitantes.Eva
e André também fazem a mesma constatação que Jason. Chegados de
Portugal na quarta-feira, esta mãe e filho reconhecem que o respeito das
regras sanitárias em Paris não é levado tão a sério como em terras
lusas."Tenho
mais receio [de ser infetada] aqui. Ainda ontem, quando viemos do
aeroporto, o motorista não tinha máscara e isso fez-me impressão. Em
Portugal é muito mais organizado e as pessoas cumprem mais. É mais
rigoroso", disse Eva.Para
Erwan, parisiense de 28 anos, o medo nem é tanto do vírus, já que em
2020 foi infetado sem grandes consequências para a sua saúde, mas o
facto de ver como as pessoas à sua volta não cumprem os gestos barreira."Quando
vemos a diferença entre as hospitalizações e o número de casos,
verificamos que o ómicron é mais contagioso, mas não é mais perigoso e,
portanto, temos menos medo. Mas o que faz medo é ver que muitas pessoas
têm menos cuidado e isso acaba por nos stressar", afirmou o jovem
professor.Os
hospitais na região parisiense já começaram a desprogramar intervenções
cirúrgicas não prioritárias de forma a pode acolher da melhor forma os
pacientes com covid-19. Atualmente, estes hospitais contam com 3.771
pessoas internadas devido à covid-19 e 717 estão em unidades de cuidados
intensivos.Assim,
as medidas impostas quer pelas autoridades locais, quer pelo Governo,
são consensuais entre as pessoas com quem a agência Lusa falou esta
manhã."Já
estamos habituados, portanto não vejo nenhum problema. Sinceramente esta
variante não muda muita coisa, há mais de um ano e meio que vivemos com
isto. Seja como for, mais vale impor estas restrições agora do que
quando as coisas estiverem ainda piores", disse Maxime, de 23 anos.Para
este parisiense, o que custa mesmo é ficar sem os concertos, já que
todos sem lugar marcado foram proibidos. Continuam a ser permitidos os
concertos ou eventos com lugar marcado até 2.000 pessoas e 5.000 pessoas
caso seja ao ar livre. Não há limitação de pessoas em feiras
profissionais, salões, zoos ou até parques de atrações, como a
Disneyland Paris.As
autoridades parisienses tentam também desencorajar os ajuntamentos na
passagem do ano, não havendo qualquer animação de rua prevista na
capital, o que quer dizer que não se realizará a tradicional contagem
decrescente nos Campos Elísios. Assim, as festas entre amigos são a
opção mais viável."Vou
organizar uma festa com amigos em casa e toda a gente tem de se testar
antes de vir. Infelizmente um dos meus amigos já testou positivo,
portanto não vem. Também vou tentar evitar grandes abraços à
meia-noite", declarou Jason.André
e Eva não têm planos para o fim de ano na capital francesa e mesmo com
as restrições confessam que lhes faz bem sair, passear e pensar noutras
coisas."Claro
que há restrições, mas para nós, só o facto de estar aqui três dias é
ter férias e é bom. Restrições há em todo o lado", concluiu André.De
forma a assegurar o cumprimento das regras sanitárias e quaisquer
possíveis distúrbios, as autoridades de Paris destacaram cerca de 9.000
policias e militares para patrulhar a cidade.