Paragem de produção na Autoeuropa provoca cortes salariais de 5% a 33% no parque industrial
8 de set. de 2023, 08:29
— Lusa/AO Online
Os
trabalhadores da Faurecia vão receber o salário por inteiro durante a
paragem de produção na fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela,
mas as outras empresas do parque industrial vão aplicar cortes salariais
de 5%, 10% e 33%, além do despedimento já confirmado de 100
trabalhadores temporários, que se juntam a outros 100 trabalhadores
temporários despedidos pela Autoeuropa.
“A Faurecia, que fornece parte do 'tablier' do T-ROC produzido na
fábrica da Volkswagen, em Palmela, trabalha para outras empresas e não
apenas para a Autoeuropa, pelo que foi possível evitar cortes no
rendimento dos trabalhadores”, revelou hoje à agência Lusa Daniel
Bernardino, da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores (CT) do
parque industrial da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal.
“A paragem de produção na Autoeuropa, de 11 de setembro a 12 de
novembro, vai afetar bastante a maioria dos trabalhadores, que vão
sofrer cortes salariais, consoante do 'modelo' de `lay-off´ aplicado em
cada uma das 19 empresas do parque industrial da Autoeuropa”,
acrescentou Daniel Bernardino, adiantando que a Coordenadora das CT já
pediu audiências aos ministros do Trabalho e da Economia.
Em comunicado divulgado hoje, a coordenadora das CT defende que “a
proteção social devia garantir todos os empregos nesta situação” e diz
esperar que a Autoridade para as Condições de trabalho ( ACT) esteja
atenta aos modelos de `lay-off´ aplicados em cada empresa.
A perda de rendimentos é uma preocupação para todos os trabalhadores
do parque industrial, mas a situação é ainda mais complicada para os
cerca de 400 trabalhadores da VANPRO, outra empresa fornecedora da
fábrica de automóveis da Volkswagen. Além
da perda de rendimento que vão ter nas próximas nove semanas, os
trabalhadores da VANPRO também souberam hoje que a empresa não irá
fornecer componentes para o novo carro da Volkswagen, que será produzido
na fábrica de Palmela a partir de 2026, o que os deixa numa situação de
incerteza quanto ao seu futuro.“A
política de redução de custos da Volkswagen tem feito as suas vítimas,
esta não é a primeira vez que fornecedores ficam sem projetos
atribuídos, contraria até a carta social da Volkswagen”, acusam os
Organismos Representativos dos Trabalhadores (ORT) do parque industrial
da Autoeuropa. Os representantes dos
trabalhadores criticam ainda a atribuição de apoios públicos à fábrica
da Volkswagen, que acusam de desenvolver uma “política agressiva e de
concorrência desleal”, deixando em aberto a possibilidade de avançarem
com formas de luta conjuntas. A Direção
da Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP também considerou hoje,
em comunicado, que “não é minimamente admissível” que a Volkswagen
recorra ao `lay-off´. O PCP diz ainda ter
conhecimento de “despedimentos de trabalhadores nas empresas Benteler e
KWD”, ambas do parque industrial da Autoeuropa, em Palmela.