Para muitas crianças na Nigéria estudar significa enfrentar ameaça de rapto
11 de abr. de 2024, 18:46
— Lusa
"Para
muitas crianças no norte da Nigéria, estudar significa enfrentar a
ameaça constante de rapto", afirmou Anietie Ewang, investigadora
nigeriana da HRW, em comunicado, dias antes do décimo aniversário do
rapto de 276 meninas na cidade de Chibok.Os
acontecimentos de Chibok ocorreram a 14 de abril de 2014, quando os
extremistas do Boko Haram entraram na Escola Secundária Estatal Feminina
de Chibok, no estado de Borno, e raptaram 276 estudantes, das quais
cerca de uma centena ainda estão desaparecidas.Segundo dados da ONG Save the Children, desde 2014 mais de 1.600 menores foram raptados no norte da Nigéria.Após
os acontecimentos de Chibok, o Governo nigeriano apoiou um compromisso
político internacional para proteger a educação e impedir o uso militar
das escolas que as poderia transformar em alvos de violência, além de
lançar uma iniciativa com fundos iniciais de dez milhões de dólares para
centros educativos mais seguros.Transferir
escolas para outras áreas e criar um modelo de escola segura a ser
implantado nos estados de Borno, Adamawa e Yobe, os estados mais
atingidos pelos extremistas, foram algumas das medidas visadas para
atingir o objetivo.No entanto, o projeto
perdeu impulso e quase não registou quaisquer progressos no
“fortalecimento das escolas” devido à falta de um programa nacional e de
liderança do Ministério da Educação da Nigéria, destacou a HRW.A
contínua crise dos raptos mostra que as lições do passado não foram
aprendidas, enquanto os estudantes continuam expostos a infraestruturas
de segurança inadequadas e a uma resposta ineficaz das autoridades,
disse o especialista em segurança, Kemi Okenyodo, à HRW.De
acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (UNESCO), muitas escolas foram forçadas a fechar na Nigéria,
onde mais de 20 milhões de crianças não frequentam a escola, um dos
números mais elevados do mundo.Segundo a
HRW, as raparigas vêem-se duplamente desafiadas, “arriscam-se a ser
violadas e a outras formas de violência sexual se forem raptadas e, se
forem mantidas fora da escola, arriscam-se ao casamento infantil, que é
uma prática comum nestas regiões”.