Papa quer reforçar diálogo inter-religioso para combater extremismo
4 de set. de 2024, 12:12
— Lusa/AO Online
Este
diálogo é "essencial para enfrentar os desafios comuns, incluindo o de
combater o extremismo e a intolerância, que - distorcendo a religião -
tentam impor-se através do engano e da violência", disse o papa, num
discurso às autoridades indonésias e ao corpo diplomático no palácio
presidencial, no início de uma longa digressão pela região
Ásia-Pacífico. "Para favorecer uma
harmonia pacífica e construtiva que garanta a paz (...), a Igreja deseja
reforçar o diálogo inter-religioso", afirmou."Há
casos em que a fé em Deus é continuamente posta em evidência, mas
muitas vezes para ser infelizmente manipulada e utilizada (...) para
fomentar divisões e aumentar o ódio", lamentou Francisco, que denuncia
regularmente todas as formas de fundamentalismo religioso.Na
quinta-feira, o papa vai participar no encontro inter-religioso na
mesquita Istiqlal, a maior do Sudeste Asiático, ligada à catedral pelo
"túnel da amizade", e assinar uma declaração conjunta sobre a tolerância
com o grande imã Nasaruddin Umar. Jorge
Bergoglio elogiou o "respeito mútuo pelas especificidades culturais,
étnicas, linguísticas e religiosas de todos os grupos humanos que
compõem a Indonésia", pois "é o fio condutor indispensável que mantém o
povo indonésio unido e o torna orgulhoso".Os
católicos representam apenas 3,1% dos 270 milhões de habitantes da
Indonésia, mas com oito milhões de fiéis é a terceira maior população
católica da Ásia, depois das Filipinas e da China, enquanto os
muçulmanos representam 89,4%.Juntamente
com o Presidente cessante, Joko Widodo, com quem se encontrou, Francisco
reiterou que "a harmonia no respeito pelas diferenças é alcançada
quando cada opinião individual tem em conta as necessidades comuns e
quando cada grupo étnico e confissão religiosa atua num espírito de
fraternidade, perseguindo o nobre objetivo de servir o bem de todos".De
acordo com os dados da Agência Central de Estatísticas da Indonésia
(BPS), apesar de estarem a diminuir, existem 25 milhões de pobres.O
papa chegou a Jacarta na manhã de terça-feira para uma visita de três
dias, no início de uma deslocação a quatro países do Sudeste Asiático e
da Oceânia, que o vai levar depois à Papua Nova Guiné, a Timor Leste e a
Singapura.Nas últimas décadas, a
Indonésia tem sido palco de atentados perpetrados por extremistas
islâmicos, como os de 2002, na ilha costeira de Bali, nos quais morreram
202 pessoas.Estes ataques, os mais
mortíferos da história da Indonésia, conduziram a uma repressão do
extremismo islâmico neste país de maioria muçulmana.A
segurança foi reforçada para a visita do papa a Jacarta, com algumas
estradas fechadas e uma força de segurança de cerca de quatro mil
soldados e polícias, bem como atiradores de elite.O
discurso do jesuíta argentino foi um dos primeiros eventos de um
programa muito preenchido na capital indonésia, antes de um outro
discurso na catedral da cidade, no final do dia, e de uma missa no
estádio nacional de futebol, com 80 mil lugares, na quinta-feira.