Papa pede regresso à paz na Ucrânia à chegada ao Cazaquistão
13 de set. de 2022, 15:37
— Lusa/AO Online
O
pontífice, que iniciou esta terça-feira uma visita de três dias ao Cazaquistão para
participar no sétimo Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e
Tradicionais, apelou à paz e sublinhou, no seu primeiro discurso perante
as autoridades do país, que esta viagem acontece numa altura em que
“decorre uma guerra sem sentido e trágica causada pela invasão da
Ucrânia”.O Cazaquistão está separado com a vizinha Rússia por uma fronteira de sete mil quilómetros.Em
Nursultan, capital desta ex-república soviética onde vivem milhares de
russos e de ucranianos, o Papa lembrou que há “vários confrontos e
ameaças de conflito que estão a pôr em perigo o tempo atual”.No
seu primeiro ato público após o encontro com o Presidente, Kasim-Yomart
Tokáyev, Francisco apresentou-se às autoridades e ao corpo diplomático
reunidos na Sala de Concertos Qazaq “como um peregrino da paz, em busca
do diálogo e da unidade”.“O nosso mundo precisa urgentemente disso, precisa encontrar de novo a harmonia”, defendeu.O
Papa lembrou que o Cazaquistão, que também faz fronteira com a China,
“constitui uma encruzilhada de importantes intersecções geopolíticas, o
que lhe confere, um papel fundamental na mitigação de conflitos”.O
Cazaquistão tem-se mantido neutro relativamente ao conflito entre a
Rússia e a Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro, tendo-se oferecido como
mediador no início da guerra.O Papa “João
Paulo II veio aqui para semear a esperança, logo após os trágicos
atentados de 2001”, lembrou Francisco, numa referência aos ataques do 11
de setembro, nos Estados Unidos.“Agora,
venho a este país quando decorre uma insensata e trágica guerra
originada pela invasão da Ucrânia e enquanto outros confrontos e ameaças
de conflitos põem em risco o nosso tempo”, acrescentou.“Venho
para amplificar o grito de tantos que imploram pela paz, caminho de
desenvolvimento essencial para o nosso mundo globalizado”, adiantou
ainda, sublinhando que “a necessidade de alargar o compromisso
diplomático em prol do diálogo é cada vez mais urgente” já que “o
problema de alguns é hoje o problema de todos”.Segundo
afirmou o líder da Santa Sé, “quem detém mais poder no mundo tem mais
responsabilidade, especialmente perante os países mais expostos às
crises provocadas pela lógica do conflito”.Para
o Papa Francisco chegou o momento de “evitar a intensificação das
rivalidades e o fortalecimento de blocos opostos”, pelo que são
necessários, frisou o pontífice, líderes capazes de compreender e de
dialogar e com vontade de reforçar o multilateralismo.“Para isso é preciso compreensão, paciência e diálogo com todos. Repito, com todos”, concluiu.