Papa nomeia advogada para relações bilaterais e multilaterais com Estados
15 de jan. de 2020, 14:41
— Lusa/AO Online
A
nomeação chamou a atenção da comunicação social do Vaticano, como
acontece sempre que o Papa escolhe uma mulher para uma posição cimeira
no organograma do Vaticano, devido à ausência de nomes femininos na
organização.Di Giovanni, que trabalhava há
quase 27 anos na Secretaria de Estado - o escritório central do Governo
da Igreja Católica - nasceu em Palermo em 1953 e é formada em Direito.A
advogada tem trabalho sobretudo nas áreas de migrantes e refugiados,
direito internacional humanitário, comunicações, direito internacional
privado, estatuto das mulheres, propriedade intelectual e turismo,
anunciou a Santa Sé.A partir de hoje, a
Secção de Relações com os Estados terá dois subsecretários, ficando
Francesca Di Giovanni a trabalhar em paralelo com Miroslaw Wachowski.“Esta
é a primeira vez que uma mulher tem uma tarefa administrativa na
Secretaria de Estado. O Santo Padre tomou uma decisão inovadora” que
representa “um sinal para as mulheres. Mas a responsabilidade foi dada
pela tarefa, mais do que pelo facto de ser mulher”, sublinhou a
advogada.Francesca Di Giovanni ressaltou a
importância de ter sido criado um subsecretário para o setor
multilateral, explicando que é uma área “com as suas próprias
modalidades, parcialmente diferentes das da esfera bilateral”.A
última edição do suplemento mensal "Donna, Chiesa, Mondo" (Mulher,
Igreja, Mundo) do jornal do Vaticano Osservatore Romano noticiou que,
entre as quase 950 mulheres que trabalham no Vaticano, poucas ocupam
cargos de responsabilidade e alto nível, embora tenham salários iguais
aos homens.“Como em muitas sociedades,
incluindo o Vaticano, as mulheres são por vezes olhadas pelos homens, e
mesmo pelas outras mulheres, como pessoas de menor valor intelectual e
profissional, sempre disponíveis para o serviço, sempre dóceis para os
gestores seniores”, escreveram Romilda Ferrauto e Adriana Masotti,
juntamente com outras nove mulheres da Associação de Mulheres do
Vaticano.“Portanto, é urgente promover a autoestima e melhorar a presença feminina também no Vaticano”, defendem.A
associação afirma que é urgente “quebrar o muro da desigualdade entre
mulheres e homens na Igreja" e “desenvolver o conceito de reciprocidade
para superar a subordinação, promover a corresponsabilidade e caminhar
juntos”.