Papa Francisco pede perdão a vítimas de abusos por ter usado expressão "menos feliz" no Chile
22 de jan. de 2018, 18:19
— Lusa/AO online
Durante
a sua visita ao Chile o papa defendeu o bispo de Osorno, Juan de la
Cruz Barros, nomeado em janeiro de 2015, ao referir que as acusações de
que este encobriu os abusos sexuais a menores cometidos pelo sacerdote
Fernando Karadima “são calúnias”. “No
dia em que trouxerem uma prova contra o bispo Barros, eu falarei”,
declarou o pontífice aos jornalistas no Chile, adiantando que “não há
uma única prova, tudo é calúnia". A sua declaração recebeu várias criticas por parte das vítimas.A
viagem aconteceu numa altura em que muitos chilenos estão descontentes
com a decisão de Francisco, tomada em 2015, de nomear um bispo próximo
do reverendo Fernando Karadima, que o Vaticano considerou culpado, em
2011, de abusar sexualmente de dezenas de menores ao longo de décadas. A
visita de Francisco ao Chile fez reviver o escândalo dos sacerdotes que
abusaram de crianças, tendo a organização Bishop Accountability
publicado uma lista de 80 clérigos acusados de abusos sexuais de menores
no país sul-americano.Hoje
durante o seu regresso a Roma, o papa Francisco reiterou o direito de
Barros à inocência até que seja provado o contrário ao responder a
perguntas dos meios de comunicação social que o acompanham.O pontífice argentino pediu desculpa às vítimas por ter usado a palavra "provas", e por as ter magoado."Magoei
involuntariamente e isso magoou-me muito, sei o quanto eles sofrem ao
ter o papa a dizer-lhes que é preciso uma prova. Percebi que a minha
expressão não foi feliz, porque não pensei nisso ", admitiu pedindo
desculpa às vítimas.O
caso do bispo Barros, adiantou, fez com que se estudasse e
investigasse, mas até ao momento não há provas de culpa e enquanto não
existirem será aplicado o principio de qualquer tribunal: “ninguém é
culpado até prova em contrário”."Continuamos
a investigar o caso de Barros, mas ainda não há provas, e foi isso que
quis dizer. Não posso condená-lo, porque não há provas, e pessoalmente
estou convencido de que ele é inocente", disse ele.O papa argumentou que, se alguém é acusado sem provas e com pertinência, é uma calúnia.As
declarações do papa no Chile foram criticadas pelas vítimas e
comentadas pelo cardeal Sean O´Malley, arcebispo de Boston e presidente
da Comissão Pontifícia para a tutela dos Menores.Sean
O´Malley disse ser compreensível que a frase do papa Francisco pudesse
ser vista como fonte de dor para os que foram vítimas de abuso sexual.Hoje
o papa Francisco admitiu que Sean O´Malley tinha razão e adiantou que
os dois estão concertados na política de "tolerância zero" quanto aos
abusos sexuais.