Papa diz que jovens estão nas redes sociais, mas são pouco sociáveis
6 de dez. de 2021, 10:38
— Lusa/AO Online
“Corremos o
risco de esquecer quem somos, obcecados por milhares de aparências, por
mensagens esmagadoras que fazem a vida depender das roupas que vestimos,
do carro que conduzimos, da maneira como os outros nos olham”, alertou
Francisco, no pavilhão desportivo da escola internacional de São
Dionísio das monjas ursulinas de Atenas, diante de jovens, professores e
religiosos, sentados à distância devido às medidas de combate ao novo
coronavírus.Francisco aconselhou os jovens a reconhecerem o seu próprio valor, por aquilo que são e não por aquilo que possuem.“Não tens valor pela marca de roupa ou calçado que usas, mas porque és único, és único", disse o Papa.Francisco
deu como exemplo uma passagem da Odisseia de Homero, nomeadamente
quando o personagem Ulisses encontra as sereias durante a sua jornada e
estas atraem os marinheiros com os seus cantos para os fazerem chocar
contra os recifes.As
sereias de hoje “querem hipnotizá-los com mensagens sedutoras e
insistentes” e “visam o lucro fácil, as falsas necessidades do
consumismo, o culto ao bem-estar físico, a diversão a todo o custo”,
disse.“Queres fazer algo novo na vida? Queres rejuvenescer?” perguntou Francisco.“Não
te contentes em publicar um ‘post’ ou um ‘tweet’. Não te contentes com
encontros virtuais, procura os reais, principalmente com aqueles que
precisam de ti; não procures visibilidade, mas sim os invisíveis. Isto é
original, isto é revolucionário”, afirmou.Para
o Papa, atualmente muitos jovens “estão nas redes sociais, mas não são
muito sociáveis, encerrados em si mesmos, prisioneiros do telemóvel que
têm nas mãos”. “No ecrã falta o outro, os seus olhos, a sua respiração,
as suas mãos", insistiu.“O
ecrã facilmente se torna um espelho, onde tu pensas que estás diante do
mundo, mas na realidade estás sozinho num mundo virtual cheio de
aparências, de fotos alteradas para ficarem sempre lindos e em forma”,
disse.O
Papa pediu-lhes que saíssem “das suas zonas de conforto" porque, embora
"seja mais fácil sentar-se no sofá em frente à televisão", isso é "algo
de velhos"."Ser jovem é reagir, abrir-se quando se sente só, procurar os demais quando vier a tentação de se fechar”, acrescentou.Aos
jovens, o Papa deu um último conselho: "Sonhem grande! E sonhem juntos!
Mesmo que haja sempre alguém que vos diga: ‘Deixem estar, não
arrisquem, é inútil’". O Papa considerou estes últimos “como anuladores
de sonhos, assassinos da esperança, nostálgicos incuráveis do passado”.Com
esta iniciativa, o Papa Francisco despediu-se da Grécia, onde chegou no
sábado passado vindo Chipre, na sua 35ª viagem, que foi marcada
principalmente pela denúncia da indiferença dos países europeus perante o
problema das migrações.