Papa alerta que o potencial das armas modernas alterou os limites da guerra
24 de ago. de 2024, 10:42
— Lusa
“A situação
atual da ‘Terceira Guerra Mundial em partes’ parece permanente e
imparável”, lamentou o Papa durante uma audiência com membros da Rede
Internacional de Legisladores Católicos, que estão reunidos num fórum em
Frascati, no centro de Itália.Francisco
advertiu que a atual situação de crise “ameaça seriamente os esforços
pacientes da comunidade internacional, sobretudo em relação à diplomacia
multilateral, para encorajar a cooperação na abordagem das graves
desigualdades e dos desafios sociais, económicos e ambientais” da
humanidade.Por isso, o Papa defendeu,
perante as reflexões dos legisladores católicos, que é “imperativo
renunciar à guerra como meio de resolver conflitos e estabelecer a
justiça”.“Na verdade, a enorme capacidade
destrutiva das armas contemporâneas fez com que se tornassem obsoletos
os critérios tradicionais para limitar a guerra”, sublinhou. “Em muitos casos, a distinção entre objetivos militares e civis é cada vez mais inconsistente”, acrescentou.Francisco
disse que é necessário “escutar o grito dos pobres, das viúvas e dos
órfãos” para compreender “o abismo (…) que está no coração da guerra” e
“decidir escolher a paz com todos os meios possíveis”.O
Papa recomendou “perseverança e paciência” para continuar no caminho da
paz através da negociação, mediação ou arbitragem na resolução dos
conflitos atuais e futuros no mundo.Para
isso, apelou à criação de “uma confiança renovada nas estruturas de
cooperação internacional”, que devem ser constantemente atualizadas.“Apesar
da sua eficácia, comprovada ao longo dos anos, na promoção dos esforços
globais pela paz e pelo respeito pelo direito internacional, estas
estruturas necessitam continuamente de reforma e renovação para se
adaptarem às circunstâncias atuais”, disse.Para
este efeito, para fornecer bases cada vez mais sólidas para o direito
internacional humanitário, Francisco propôs-se trabalhar por uma
distribuição cada vez mais equitativa dos bens da terra, “garantindo um
desenvolvimento integral para as pessoas e os povos”.O
Papa disse que é preciso superar “as escandalosas desigualdades e
injustiças que alimentam conflitos de longa duração e geram atos de
violência em todo o mundo”.