Ano Novo, vida...mais cara. 2025 está a dar os seus
primeiros passos, mas traz consigo já algumas certezas: a carteira dos
açorianos vai ficar mais leve, à conta dos aumentos do custo de vida
previstos. O Açoriano Oriental saiu à rua de calculadora na mão para
saber o que ficará mais caro.Comecemos pelo café
mais próximo: pedir um papo-seco, acompanhado de uma bica vai custar um
pouco mais. Segundo Filipe Gomes, da Padaria Gomes, o papo-seco ficará
6% mais caro, passando a custar entre 26 a 27 cêntimos, “em razão do
aumento do custo das matérias-primas, como a farinha, do vencimento dos
trabalhadores e dos combustíveis”.De recordar que, segundo o
Relatório de Acompanhamento e Monitorização de Preços Vigiados, da
autoria do Governo Regional dos Açores, o papo-seco foi o produto que
mais encareceu nas últimas semanas, um aumento de 11,3%, custando em
novembro 24 cêntimos. E se em vez de um papo-seco optar por um bolo, prepara-se que vai ser ainda mais custoso, com um aumento na ordem dos 8 e 9%.Pelas
mesmas razões, ou seja, o aumento exponencial das matérias-primas, os
salários, as taxas de carbono e encargos ambientais, o café subirá 6%,
passando a custar, em média, entre 80 cêntimos a 1,10 euros.O
papo-seco e o café são apenas dois exemplos, sendo de esperar que em
2025 haja um aumento semelhante para os restantes produtos alimentares,
pressionados pelos custos de produção elevados, casos da carne e do
leite, como revelados recentemente pela Associação Portuguesa de
Industriais de Carnes e pela Federação Nacional das Cooperativas de
Produtores de Leite. Em sentido contrário, o azeite deverá continuar a
ficar mais barato.Já de bucho cheio, seguimos em frente. Andar a pé
ainda não custa, ainda para mais quando já são conhecidos os aumentos
dos combustíveis: 0,7 cêntimos por litro de gasolina e 3,6 cêntimos se
for gasóleo. Já andar de autocarro, para já, não custará mais do que
atualmente, segundo informações recolhidas junto das três operadoras da
ilha de São Miguel (Auto Viação Micaelense, Varela e Caetano Raposo
& Medeiros), que indicam que ainda “não há previsões”para o novo
tarifário.Chegamos a casa e qualquer que seja a fonte de energia que utiliza, saiba que vai pagar mais por ela.Segundo
a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos), as tarifas de
Venda a Clientes Finais aponta para uma variação mensal de dezembro de
2024 para janeiro de 2025 de 0,8% para a Média Tensão; 2,1% para a Baixa
Tensão Especial; e de 1,4% para a Baixa Tensão Normal (BTN).Segundo
a reguladora, a BTN na Região Autónoma dos Açores sofre uma variação
média anual de cerca de +2,1% nos últimos cinco anos, acima do
verificado no arquipélago vizinha da Madeira, cuja variação foi somente
de +1,9%.Pior fica quem precisa de botija de gás butano, cujo aumento
será de 78 cêntimos por quilo, como já anunciado pelo Governo Regional
dos Açores, uma decisão que já motivou protestos por parte de vários
grupos políticos, entre eles o JPP, o BEe o Chega.E na hora de
abrir a torneira lá de casa, ao menos saiba que o custo não sofrerá
alteração: nos municípios da Ribeira Grande, Lagoa e Povoação a palavra
de ordem é “não mexer”, enquanto no Nordeste irá haver uma atualização
de 2%, em linha com a inflação, que em Vila Franca do Campo será de
1,9%.Com tantos aumentos, certamente quererá ligar a alguém para
desabafar. Dependendo da operadora, a fatura pode ser igual a de 2024 ou
sofrer um aumento. A NOS já anunciou que “não vai aumentar os preços em
2025”, uma decisão que é “transversal a todos os serviços e tarifários
de telecomunicações”, segundo fonte oficial da empresa afirmou à agência
Lusa. Já a Vodafone (que nos Açores só tem o serviço de
telecomunicações móveis) garantiu recentemente que não subirá o preço à
generalidade dos clientes, mas que fará “atualizações pontuais“ à
inflação. Por sua vez, a MEO vai proceder à atualização de preços este
ano, com um aumento mínimo de 50 cêntimos nas mensalidades.Esta
postura das três principais operadoras de telecomunicações nacionais
“quebra” uma série de anos em que as atualizações de tarifários foi
norma e acontece após a entrada no mercado da operadora Digi (que não
está presente nos Açores).Mas não ache que 2025 vão ser só
“desgraças”: se tem um credito habitação, as notícias vindas do Banco
Central Europeu são, pelo menos, positivas. As mais recentes previsões
apontam para a continuação da queda da taxa Euribor, determinantes nas
taxas de juro, podendo baixar da fasquia dos 2% em meados do ano que
agora começa, o que significará prestações mais leves.2025 também é
sinónimo de aumento do salário mínimo regional, que passará a ser de
913,50 euros na Região Autónoma dos Açores, mas não só: o próximo ano
traz uma subida das pensões e das remunerações na função pública, bem
como várias alterações no IRS que poderão traduzir-se num aumento do
rendimento líquido.Apesar de no privado os aumentos salariais não
estarem garantidos, há incentivos para as empresas que aumentem o
salário médio em pelo menos 4,7% (segundo o acordo tripartido assinado
pelos parceiros sociais), havendo ainda alterações ao IRS que também
podem proporcionar a subida do rendimento líquido. Já a idade de reforma
no ano que se inicia passa a ser 66 anos e sete meses, para evitar
qualquer corte.