"Pandemia vai implicar revisão do crescimento da economia este ano"
26 de mar. de 2021, 16:40
— Lusa/AO Online
“A pandemia vai implicar a revisão
do crescimento da economia este ano”, disse João Leão, em conferência de
imprensa, depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter
divulgado que as Administrações Públicas registaram um défice de 5,7% do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, em contabilidade nacional,
correspondente a 11.501,1 milhões de euros, regressando a terreno
negativo após o excedente de 2019.Ainda
assim, a evolução do défice foi “menos negativa do que antecipado”,
devido ao desempenho da economia e a resiliência do mercado de trabalho,
apontou o governante.“O país conseguiu
resistir melhor à crise do que se esperava”, referiu João Leão, louvando
“empresários, trabalhadores e famílias pela capacidade de resiliência
admirável”.No entanto, este ano, disse, “a
pandemia está a ter impacto mais forte do que antecipado”, o que deverá
levar a uma redução menor do défice de 2021 do que o esperado.“Em
relação às finanças públicas a evolução e a redução do défice
orçamental que era esperado para este ano vai ser muito menor”, apontou
João Leão.O ministro das Finanças destacou
também que os apoios excecionais à economia, empresas e saúde em 2020
ficaram cerca de mil milhões de euros acima do que tinha sido previsto.“O
Governo está preparado para continuar a apoiar as empresas e as
famílias enquanto a pandemia durar. […] A economia tem agora condições
para ter uma forte recuperação da crise e podemos olhar para o futuro
com mais confiança”, afirmou.Após ter
registado em 2019 o primeiro excedente das contas públicas desde 1973,
com um saldo positivo de 0,1% do PIB, a economia portuguesa regressa a
uma situação deficitária em 2020, um ano em que o cenário económico
ficou fortemente marcado pelos efeitos da pandemia de covid-19.As
previsões divulgadas pela Comissão Europeia no final do ano passado
apontavam para um saldo orçamental negativo de 7,3% do PIB em 2020, um
valor igual ao inicialmente previsto pelo Governo português que, no
entanto, já tinha vindo admitir que o resultado final poderia ficar mais
próximo do previsto no orçamento suplementar de 2020, que era de 6,3%
do PIB.Mais pessimistas, o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) previam um défice de 8,4% e de 7,9% do PIB,
respetivamente, para a economia portuguesa em 2020.No
final do terceiro trimestre de 2020 as Administrações Públicas tinham
registado um défice de 4,9% do PIB, depois de este ter ficado nos 5,4%
até junho.